Política

General Heleno estava em grupo de WhatsApp de militares que discutiram golpe, diz site

Ministro do Gabinete de Segurança Institucional de Jair Bolsonaro diz não se lembrar das conversas que planejavam uma intervenção

(Foto: Fábio Pozzebom/Agencia Brasil)
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O general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, integrava um grupo de WhatsApp com outros militares em que foi discutida uma ação golpista. A informação foi revelada pelo coronel aviador reformado Francisco Dellamora, autor de parte das mensagens no grupo, ao site UOL.

O grupo descrito por Dellamora se chamava ‘Notícias Brasil’ e reunia militares de alta patente desde 2016, quando Dilma Rousseff sofreu o impeachment. Além de Heleno, outro participante citado é o general da reserva Sérgio Etchegoyen, que comandou o GSI na gestão de Michel Temer.

Outros 40 militares da ativa estariam na conversa. São, segundo o coronel, membros da ativa e da reserva, integrantes do Estado-Maior, do Ministério da Defesa e militares da área de Informações da Aeronáutica. O coronel se negou a entregar a lista completa dos integrantes para a reportagem.

Dellamora diz que as conversas foram até 8 de Janeiro de 2023, dia dos atos golpistas em Brasília, quando então foi excluído pelo administrador, um brigadeiro do ar que não teve a identidade revelada.

Ao site, o coronel negou que as mensagens trocadas sejam de teor golpista, mas repetiu o que foi debatido. Apesar da negativa do militar, as mensagens pedem intervenção para impedir Lula (PT) de assumir o posto e contém ataques contra autoridades e instituições.

Ele repetiu, por exemplo, ataques a Rodrigo Pacheco, presidente do Senado. Ele defendeu que o senador deveria ter atuado para impedir a posse de Lula. Ele também fez ofensas aos ministros do Supremo Tribunal Federal, que, nas suas palavras, ‘não deveriam ser respeitados por ninguém’. Ao site, disse que Pacheco deveria ter cassado também os integrantes da Corte.

“Tem que cassar. São bandidos. Não existe Justiça no Brasil. Existe uma quadrilha instalada no STF”, disse Dellamora ao site. O grupo também defendia que Heleno fizesse uma intervenção no País. Nas palavras de Dellamora, os militares buscavam, a todo momento, uma alternativa constitucional para a ação.

Sobre a participação de Heleno nas conversas, o militar afirmou que o general lia todas essas mensagens em que se discutia uma ação golpista, mas não se manifestava. A única mensagem que Heleno teria mandado, diz o coronel, foi sobre Kassio Nunes Marques. Ele teria dito que sugeriu a Jair Bolsonaro outro nome para a vaga do STF.

Ao UOL, Heleno disse não se lembrar das mensagens descritas pelo colega militar. “Não sei quem participou. Internet é um negócio que você começa a responder uma porção de coisas, mas nunca participei disso”, disse.

Ele também chamou Dellamora de ‘muito velho’ e insinuou que o coronel ‘não teria importância no quadro político nacional’.

O general Etchegoyen, por sua vez, confirmou a existência do grupo, mas disse ter se manifestado poucas vezes e que não se lembrava o exato teor de suas mensagens. Ele negou, porém, que tenha participado de qualquer discussão sobre um golpe.

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