Política

Funcionários do Banco Central articulam paralisação e entrega de cargos

Servidores pedem reajuste salarial com reposição de perdas pela alta da inflação; uma greve pode começar ainda neste mês

Funcionários do Banco Central articulam paralisação e entrega de cargos
Funcionários do Banco Central articulam paralisação e entrega de cargos
Edifício-sede do Banco Central. Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil Edifício-sede do Banco Central. Foto: Marcello Casal JrAgência Brasil
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Servidores do Banco Central iniciaram, nesta segunda-feira 3, a articulação de uma paralisação em 18 de janeiro para reivindicar reajuste salarial. De acordo com a categoria, o pedido é para que o governo apenas libere a reposição das perdas com a alta da inflação, sem aumento real da remuneração.

O Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central, o Sinal, diz solicita uma reunião com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, desde novembro, mas não teve sucesso.

 

A ideia é organizar reuniões virtuais diariamente até a data da paralisação, com diferentes setores do funcionalismo da instituição, para pressionar Campos Neto. Em 18 de janeiro, os servidores fariam uma “paralisação de advertência”. Se não houver alguma sinalização do presidente do Banco Central para um encontro, os funcionários entram em greve a partir do dia 20.

Segundo o Sinal, pelo menos mil servidores podem deixar os cargos. São cerca de 500 funcionários que atuam em posições comissionadas de gerência e 500 substitutos que não ocupariam os postos. Há ainda a expectativa de adesão do restante do quadro de funcionários. O Banco Central tem 3.478 empregados na ativa.

Uma lista com os nomes deve ser preparada nas próximas duas semanas.

Em entrevista a CartaCapital, o presidente do Sindicato, Fábio Faiad, afirmou que os trabalhadores do Banco Central não recebem reajuste desde o início do governo de Jair Bolsonaro.

A estimativa é de 26,3% em perda salarial entre janeiro de 2019 e o fim de 2022, considerando projeções do boletim Focus e do Índice de Preços ao Consumidor Amplo, o IPCA.

“Ele [Roberto Campos Neto], que tem acesso direto ao presidente Bolsonaro, poderia ter conseguido uma parte do reajuste para nós, e o reajuste só saiu para os policiais federais, e não para o Banco Central”, declarou Faiad.

O movimento segue os passos da debandada que ocorreu na Receita Federal no fim do ano passado, quando auditores e analistas deixaram os cargos por causa da redução do orçamento destinado ao órgão.

Junto ao Sinal está na mobilização o Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado, o Fonacate. A organização também tem se manifestado pela rejeição da proposta de reforma administrativa em tramitação no Congresso e convocado protestos contra o projeto.

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