Política

Freixo diz que críticas de Paes a Lula por apoio à sua candidatura ao governo ‘dividem o Rio onde não deveriam dividir’

Deputado federal também responde a afirmações do prefeito do Rio de que ele não teria experiência suficiente para assumir cargo no executivo e de que seria contra PPPs e as polícias

Foto: Najara Araújo/Câmara dos Deputados
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O deputado federal Marcelo Freixo (PSB), pré-candidato ao governo do RJ, reagiu, na tarde deste sábado 5, às críticas feitas a ele e ao ex-presidente Lula pelo prefeito da cidade do Rio, Eduardo Paes (PSD), em entrevista ao Valor Econômico. O chefe do executivo municipal carioca disse que Lula estaria com uma postura de “salto alto” após declarar apoio a Freixo na corrida eleitoral pelo Palácio Guanabara. O parlamentar, que também recebeu críticas por, segundo Paes, ser contra PPPs e a polícia, se disse surpreso com as declarações e afirmou que o posicionamento “divide o estado” no objetivo mútuo de derrotar o presidente Jair Bolsonaro (PL) nas urnas.

— Meu diálogo com o Lula é o melhor possível. Ele é quem vai nos garantir a democracia no Brasil, e vai ajudar a reerguer o Rio. Tenho muito orgulho de ter o apoio dele  — disse. — Eu fiquei surpreso com a cegueira sobre a situação do Rio e do Brasil. Não adianta a gente falar que quer derrotar o Bolsonaro no Brasil e não enfrentá-lo devidamente no Rio de Janeiro, onde eles estão no governo, são do mesmo partido. Acho que, dessa forma, o prefeito divide o Rio onde ele não deveria dividir. A minha candidatura tem esse espírito de união. Eu resolvi ser candidato exatamente por esse movimento de mudança que precisamos. Daí, todos os diálogos que estou fazendo e insistindo que são importantes. Nesse sentido, Lula é fundamental para o Rio — disse Marcelo Freixo ao GLOBO.

Desde que deixou o PSOL e se filiou ao PSB, Freixo vem tentando sinalizar uma inclinação ao centro. Para isso, contratou para cuidar de sua comunicação o marqueteiro Renato Pereira, que atuou para Paes e outros políticos do MDB fluminense em eleições anteriores. Delator da Lava-Jato, Pereira afirmou ter recebido via caixa dois para fazer campanhas de Paes e dos ex-governadores Sergio Cabral e Luiz Fernando Pezão.

Na pré-campanha, Freixo vem se reposicionando, fazendo, por exemplo, acenos reiterados a policiais militares e ao empresariado, à diferença da linha adotada pelo PSOL.

Na entrevista em questão, Eduardo Paes também fez críticas diretas a Freixo, que concorre ao governo do Rio com Felipe Santa Cruz (PSD), presidente da OAB e companheiro de partido do prefeito do Rio. Para Paes, o deputado federal não possui experiência para assumir cargo no legislativo fluminense e, ainda segundo suas palavras, se posiciona contra as Parcerias Público-Privadas e a Polícia Militar.

— Eu sempre defendi a boa polícia. Foi com a ajuda dessa boa polícia que eu fiz a CPI das Milícias e a CPI do Tráfico de Armas e Munições, que contribuíram muito para a segurança pública do Rio. Eu nunca saí por aí defendendo milícia. Como deputado federal, em todos os anos encaminhei emendas destinadas à polícia, o que reforça meu compromisso — retrucou. — Temos um programa feito por gente muito qualificada das polícias Militar e Civil, e tem como objetivo a valorização e a modernização das polícias.

Freixo também negou ser contra as PPPs; na entrevista, Paes cita que o deputado federal já declarou que o modelo de parcerias com a iniciativa privada são “uma desgraça do capitalismo”.

— Quero dizer que sou a favor das PPPs, porque não é possível reerguer o Rio de Janeiro sem a iniciativa privada como aliada. O que eu sou contra e sempre fui é a promiscuidade público-privada, outra PPP. Essa eu sou contra e fez muito mal ao Rio nos últimos governos. Foi ela que afastou do Rio bons empresários, tirou daqui o investimento que a gente tanto precisa. Então, é bom separar as coisas — acrescentou. — Nós temos a visão para o estado do Rio. Temos um plano para reerguer e recuperar o Rio, e temos uma equipe feita com o que há de melhor na sociedade, qualificada para tomar as medidas necessárias. Além disso, temos coragem para as atitudes que o Rio precisa.

‘O Lula não é fator relevante para mim nas eleições locais’, disse prefeito do Rio

As críticas feitas por Paes acontecem após Lula ter anunciado apoio a Freixo nas eleições para governador do Rio. O prefeito contava com a possibilidade de que o ex-presidente apoiasse a campanha de Felipe Santa Cruz (PSD), de seu partido. Após essa espécie de ruptura, Paes agora se articula em busca de outra aliança, e deve ter uma reunião neste domingo com Ciro Gomes (PDT), concorrente de Lula à Presidência, que irá fazer uma palestra para seu secretariado.

Na entrevista ao Valor Econômico, Paes disse que o ex-presidente Lula (PT) não tem relevância na eleição para o governo do Rio e que o apoio do petista ao pré-candidato ao Palácio Guanabara Marcelo Freixo (PSB) demonstra uma postura de “salto alto” de sua campanha.

“O Lula não é o fator relevante para mim nesta eleição local aqui”, disse Paes, na entrevista, afirmando que o ex-presidente não é um cabo eleitoral determinante no Rio como é em estados do Nordeste.

“A posição tem sido: ‘Quero governo do estado, Senado e Presidência da República e quem quiser vir que bata palma pra mim’. A postura do Lula, eu diria com certo salto alto no Rio de Janeiro, não é a de alguém que está buscando somar”, completou.

Ele questionou as credenciais de Freixo, que é deputado federal, para ocupar o cargo. Segundo Paes, uma pesquisa encomendada pelo PSD mostra que o parlamentar teria perdido a ampla vantagem que tinha sobre o governador Cláudio Castro (PL), com quem estaria num empate técnico.

“Freixo não tem qualquer experiência no Executivo. Como vai ajeitar a situação fiscal (do estado) alguém que a vida inteira defendeu todo tipo de irresponsabilidade? Como vai atrair empresa alguém que a vida inteira disse que concessão e PPP é uma desgraça do capitalismo mundial? Como vai enfrentar o problema da violência alguém que defendeu a extinção da Polícia Militar?”, disparou.

Paes ironizou Freixo dizendo que “a vida inteira quis essa imagem de rebelde”, “aquela coisa Belchior, apenas um rapaz romântico latino-americano sem dinheiro no bolso, sem parentes importantes e vindo lá de Niterói, ou São Gonçalo, sei lá de onde ele vem”.

O prefeito do Rio vem se movimentando para emplacar uma candidatura competitiva contra Freixo, que é um de seus principais adversários políticos. Na última quarta-feira, em reunião com o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, ele oficializou a aliança entre o PSD e os pedetistas para a disputa pelo Palácio Guanabara.

O encontro selou a união entre os pré-candidatos de ambos os partidos — o ex-prefeito de Niterói Rodrigo Neves (PDT) e o ex-presidente da OAB Felipe Santa Cruz (PSD). Ainda não há definição sobre quem vai encabeçar a futura chapa e a expectativa é que um se lance ao governo do estado e outro se candidate ao Senado.

As movimentações do prefeito sobre as disputas do Rio ocorrem após o PT dar a largada na formação de sua chapa com Lula garantindo que o partido irá apoiar Freixo. Além disso, o partido lançou o presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), André Ceciliano (PT), como pré-candidato a senador.

Ainda na entrevista, Paes afirmou esperar que o PSD tenha um candidato ao Planalto. Enquanto a pré-candidatura do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco esfria, o partido tenta atrair nomes como o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), e o ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung, para servirem de opções na corrida ao Palácio do Planalto.

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