Economia

‘Franceses não apitam mais nada’, diz Lula sobre acordo Mercosul-UE

Em evento da indústria, presidente brasileiro diz que a Comissão Europeia é quem lidera as negociações e indica que pretende assinar a parceria entre os blocos ainda em 2024

‘Franceses não apitam mais nada’, diz Lula sobre acordo Mercosul-UE
‘Franceses não apitam mais nada’, diz Lula sobre acordo Mercosul-UE
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante Abertura do Encontro Nacional da Indústria (ENAI) 2024 Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB) - Brasília Foto: Ricardo Stuckert / PR
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentou, nesta quarta-feira 27, as tratativas sobre o acordo entre o Mercosul e a União Europeia (UE). Em discurso feito na abertura do Encontro Nacional de Indústria (Enai), em Brasília (DF), o petista marcou a posição do Brasil na defesa do acordo, criticando a resistência apresentada pela França aos produtos brasileiros.

“É importante que a gente não veja o agronegócio como inimigo”, disse Lula. “Eu quero que o agronegócio continue crescendo e causando raiva num deputado francês que, hoje, achincalhou os produtos brasileiros. Porque nós vamos fazer o acordo do Mercosul, nem tanto pela questão do dinheiro. Nós vamos fazer porque eu estou há 22 anos nisso e nós vamos fazer”, indicou Lula.

O presidente se referiu ao rechaço dos deputados franceses ao acordo, cuja negociação se arrasta há duas décadas. A pressão do país europeu decorre dos agricultores locais, que têm feito sucessivos protestos contra a parceria comercial. Eles alegam que precisam se submeter a regras ambientais mais rígidas do que aquelas aplicadas aos produtores sul-americanos, o que criaria uma concorrência desleal.

Em meio a isso, a rede de supermercados francesa Carrefour chegou a indicar que barraria a compra de carnes de países do Mercosul, incluindo as do Brasil. Após sofrer críticas de uma série de entidades, o grupo se retratou e pediu desculpas.

Nas negociações pelo acordo, o Brasil conta com o apoio da Alemanha, cujo premiê, Olaf Scholz, é entusiasta da parceria. A Comissão Europeia, que enviou o seu negociador-chefe, Rupert Schlegelmilch, para Brasília, nesta semana, para tentar chegar aos últimos termos do acordo, também vem sendo favorável à concretização do acerto.

Lula frisou o apoio recebido e voltou a criticar a postura da França, dizendo que, “se os franceses não querem o acordo, eles não apitam mais nada, quem apita é a Comissão Europeia. E a Ursula von der Leyen [presidente da Comissão] tem procuração para fazer o acordo”.

Os movimentos desta semana podem definir se o acordo sai do papel de forma imediata ou não. O Planalto joga com expectativas, acreditando que, se as negociações forem frutíferas, a assinatura pode ser anunciada na semana que vem, quando a cúpula do Mercosul se reúne na capital do Uruguai, Montevidéu.

Lula deu voz à expectativa no discurso desta quarta. “Eu pretendo assinar esse acordo este ano ainda. [Quero] tirar isso da minha pauta”, sustentou o presidente.

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