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Forças Armadas/ O inimigo ao lado

O brigadeiro Marcelo Damasceno e o golpismo à espreita

O comandante praticamente pediu desculpas por aceitar o cargo - Imagem: SO Nery/FAB
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Nomeado comandante da Força Aérea Brasileira, o brigadeiro Marcelo Damasceno é, nas palavras do ministro da Defesa, José Múcio, “legítimo herdeiro dos valores democráticos”. Nada de surpreendente. Múcio é só outro civil, de uma lista infinita desde o fim da ditadura, a se curvar aos caprichos dos militares. Ao assumir o comando da Aeronáutica na segunda-feira 2, Damasceno destilou o ressentimento dos oficiais com a troca de governo. Não citou Lula, praticamente pediu desculpas à família e aos amigos por aceitar o cargo e manteve a espada na cabeça da nova administração, com as exigências de praxe de uma turma que se considera acima dos cidadãos comuns. “Como filho desta pátria idolatrada, não fugiria nem me furtaria à nobre missão. E que a incompreensão de alguns mais próximos revertam-se em futuro entendimento”, discursou. “Estou absolutamente convicto de que as Forças Armadas continuarão a usufruir dos projetos estratégicos por parte da Presidência da República e do Ministério da Defesa, assim como do tratamento gentil e harmonioso aos assuntos de defesa”, prosseguiu em português claudicante, traço inconfundível do oficialato brasileiro. Em qualquer outro país onde o poder militar se submete ao civil, ­Damasceno nem assinaria o termo de posse. Seria enviado diretamente à reserva.

P.S.: A exoneração imediata dos quase 8 mil militares entrincheirados em cargos civis foi um ato de coragem do novo governo. 

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