Ao menos dez ocorrências contra equipes que conduzem a pesquisa eleitoral do Datafolha foram registradas em oito estados diferentes em um único dia. A informação é do jornal Folha de S. Paulo. Os casos citados ocorreram na terça-feira 13.
Na maior parte das ocorrências, segundo o jornal, os trabalhadores foram hostilizados com gritos e xingamentos. Em uma delas, porém, um pesquisador chegou a ser empurrado por um homem que dizia ser eleitor de Jair Bolsonaro (PL). O caso aconteceu em Goiânia, capital do estado de Goiás. Segundo o relato, o bolsonarista disse não querer o Datafolha nas redondezas.
Há também uma ação policial contra um pesquisador no Rio Grande do Sul. De acordo com o registro do jornal, um agente da polícia do estado disse ser apoiador do presidente e tentou levar o pesquisador ‘para averiguação’ na viatura. Durante o trajeto, ele fez perguntas ao homem e acabou o liberando em outro local.
A violência contra os pesquisadores do instituto não é novidade. De acordo com Luciana Chong, diretora-geral do Datafolha, os pesquisadores sempre conviveram com gritos e tentativas de intimidação com gravações durante o trabalho. Mas a situação, diz, piorou após o 7 de Setembro, ocasião em que Bolsonaro fez diversos ataques ao instituto.
O jornal cita ainda outros casos ‘mais emblemáticos’ ocorridos neste ano. Em agosto, por exemplo, uma pesquisadora de Belo Horizonte caiu após ser perseguida por homens que queriam pegar o tablet que usava para a pesquisa. Em outro caso, no Maranhão, um guarda municipal chegou a ser chamado porque a pesquisadora estaria se negando a pegar respostas de quem se oferecia para a pesquisa. O Datafolha esclarece, no entanto, que a recusa faz parte da sua metodologia.
“Os pesquisadores do instituto recebem um treinamento padronizado, que determina que pessoas que se oferecem para serem entrevistadas devem ser obrigatoriamente evitadas, para que a amostra seja aleatória”, diz o instituto em nota. “Como parte do material de todos os pesquisadores são checados remotamente, a transgressão dessa norma leva ao cancelamento automático de todos os questionários desse pesquisador”
Os dez casos de hostilidade e violência contabilizados nesta quinta-feira pelo jornal foram registrados em São Paulo, Minas Gerais, Alagoas, Maranhão, Goiás, Pará, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Em sua maioria, conforme destaca a Folha, quem faz os ataques se identifica como bolsonarista e acusa o instituto de atuar para manipular os resultados, ecoando um discurso feito pelo ex-capitão. Nesta terça, porém, em um dos registros, a mulher que hostilizou a pesquisadora se dizia eleitora de Lula.
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