Política

Bolsonaro ironiza Lula e promete chegar a 1 milhão de registros de posse de armas para CACs

Em live, o ex-capitão debochou do que disse o petista contra o armamento civil. A explosão de registros, alertam especialistas, também aumenta o arsenal à disposição do crime

O então presidente Jair Bolsonaro (PL), ao lado do seu ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida. Foto: Reprodução
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que pretende chegar ao número de 1 milhão de pessoas com licença para o porte e a posse de armas sob a condição de caçadores, atiradores e colecionadores, os chamados “CACs”.

A declaração ocorreu nesta quinta-feira 30, na tradicional transmissão ao vivo em suas redes sociais, em tom de comemoração pelo aumento exponencial do número de CACs no Brasil.

Segundo levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta semana, o País chegou à marca de 673,8 mil pessoas com a licença, um número dez vezes maior que o observado há cinco anos: foram 63.137 registros em 2017. Para Bolsonaro, a alta representou uma “boa notícia”.

“Uma boa notícia que faltou a imprensa noticiar”, disse. “Estamos chegando a 700 mil CACs no Brasil. Eu pretendo, havendo uma reeleição aí, no ano que vem, chegar a 1 milhão de CACs no Brasil.”

Em tese, as categorias dos CACs obtêm armas de fogo para exercerem atividades como a prática esportiva (caçadores e atiradores) e a preservação de patrimônio (colecionadores). A autorização ocorre por meio do Exército.

Porém, o governo Bolsonaro facilitou o registro por essas categorias, sob a bandeira armamentista.

No anuário deste ano, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública alertou que a quantidade de armas obtidas pelos CACs “ultrapassou, em muito, a quantidade de armas dos órgãos públicos”.

Segundo a entidade, o aumento desse índice representa uma circulação maior de armas para a prática de crimes, por conta da dificuldade de fiscalização pelo Exército sobre as categorias beneficiadas e, consequentemente, da ocorrência de desvio de finalidade nos registros.

“Há um conjunto de ingredientes que desconsideram as evidências científicas sobre o impacto de longo prazo que armas de fogo e munições exercem na sociedade brasileira e que preparam o país para um cenário literalmente explosivo”, diz o anuário.

Em tom de ironia sobre os alertas, Bolsonaro celebrou na live outros índices, como o aumento de 70% de lojas de armas de fogo, de 90% número de clubes de tiro e, por outro lado, a menor taxa de homicídios em dez anos.

O presidente chegou a afirmar, com deboche, que o adversário Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai transformar clubes de tiro em bibliotecas.

“Não se esqueça que o outro cara, o de nove dedos, falou que vai acabar com a questão de armamentos no Brasil. Vai recolher as armas, clube de tiro vai virar biblioteca, como se ele fosse algum exemplo para isso”, afirmou.

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