Facebook e WhatsApp impulsionaram voto em Bolsonaro em 2018, diz pesquisa

O uso das plataformas para se informar sobre política quase dobrou as chances dos eleitores de votarem no ex-capitão

Foto: Isac Nóbrega/PR

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O uso de plataformas como Facebook, WhatsApp e Youtube como canais de informações sobre política quase dobraram as chances de voto em Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2018. 

A conclusão é de uma pesquisa publicada na Revista Dados, nesta sexta-feira 16, feita por pesquisadores da Universidade Federal de Goiás, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e da Universidade Federal do Pará.

Segundo análise de dados do Estudo Eleitoral Brasileiro, a utilização das redes sociais foi tão impactante como outras variáveis que influenciam na hora do voto em Jair Bolsonaro na última eleição, como o discurso antipetista, valores religiosos e a ideologia alinhada à direita. 

Entre os usuários que consumiram conteúdo político por meio do WhatsApp, as chances de voto no ex-capitão aumentaram 97%, pelo Facebook, 62%. 

As chances de voto em Bolsonaro também foram maiores entre os evangélicos que utilizavam as plataformas, 83% a mais. 

Entre as mulheres e os mais escolarizados as chances de apoio ao ex-capitão foram menores. 


De acordo com Pedro Santos Mundim, um dos autores do artigo e professor da UFG, o foco da análise foi entender o peso do consumo midiático na eleição. 

“Quando a mídia muda, a política também muda. Até hoje, nenhum estudo que foi feito sobre eleições de 2018 focou especificamente nessa relação entre voto e mídia, com o cruzamento de dados. É importante entender como esse novo ecossistema midiático acabou sendo benéfico para o Bolsonaro, justamente porque ele era um candidato que não tinha disponibilidade na mídia tradicional. No caso das redes sociais, há a comunicação direta do candidato com o eleitor”, afirma.

A conclusão dos pesquisadores é de que as redes sociais não podem mais ser ignoradas como uma variável de impacto nas eleições. 

Os resultados sugerem que a comunicação pelas redes sociais foi, em 2018, um fator de influência aos públicos desinteressados politicamente devido à presença mais sutil dos conteúdos em favor de Bolsonaro.

O pesquisador ainda aponta que houve uma mudança entre as candidaturas e a estratégia de outros partidos nestas eleições. Os presidenciáveis perceberam o impacto das redes  e utilizaram as plataformas de forma mais estratégica. 

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