Política
Exército impediu a remoção de acampamento golpista em Brasília, diz Ibaneis à PF
O depoimento também pode complicar ainda mais a situação do ex-secretário de Segurança Pública do DF Anderson Torres
O governador afastado do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), afirmou em depoimento à Polícia Federal nesta sexta-feira 13 que o Exército impediu a remoção do acampamento bolsonarista instalado em frente ao quartel-general de Brasília. A informação foi divulgada pela CNN Brasil, que teve acesso à íntegra da oitiva.
Ibaneis disse à PF ter ordenado a dissolução do acampamento em 29 de dezembro, três dias antes da posse de Lula (PT). A determinação, porém, teve a oposição dos militares, segundo o emedebista.
“Indagado a respeito de medidas inicialmente adotadas para conter os acampamentos, o declarante afirmou que a área é sujeita a administração do comando do Exército, contudo o GDF manteve contato com os comandantes militares para organizar a retirada pacífica dos acampados”, diz um trecho da transcrição do depoimento.
Ainda de acordo com a oitiva, o procedimento de remoção do acampamento foi “sustado por ordem do comando do Exército”.
“Algumas barracas chegaram a ser retiradas, mas o DF Legal, auxiliado pela Polícia Militar, não conseguiram (sic) terminar todo o trabalho de retirada em razão da oposição das autoridades militares.”
O depoimento do governador afastado também pode complicar ainda mais a situação do ex-secretário de Segurança Pública do DF Anderson Torres, alvo de uma ordem de prisão por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Segundo Ibaneis, a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal estava integralmente responsável por garantir a segurança dos atos bolsonaristas de 8 de janeiro. Ainda na tarde de domingo, Torres foi demitido em meio às ações de terrorismo na Praça dos Três Poderes.
“Recebia informes sobre as questões de segurança do DF e nenhuma dessas tratou de possíveis ações radicais que estavam sendo organizadas polos acampados”, prosseguiu. “Eventuais relatórios de inteligência ficavam restritos à secretaria de segurança, e apenas chagava ao governador o que realmente importava para suas decisões.”
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