Ana Cristina Valle, ex-esposa do presidente Jair Bolsonaro (PL), faltou pela segunda vez a um depoimento à Polícia Federal. Ela deveria prestar esclarecimentos na última sexta-feira 5, mas não compareceu. A informação é da TV Globo.
De acordo com a emissora, ela foi intimada a depor no inquérito que investiga suposto crime de tráfico de influência cometido por Jair Renan Bolsonaro, o filho ’04’ do ex-capitão. A oitiva estava marcada inicialmente para julho.
As suspeitas sobre Jair Renan envolvem a utilização da empresa de eventos dele, a Bolsonaro Jr Eventos e Mídia, para promover articulações entre a Gramazini Granitos e Mármores Thomazini, grupo empresarial que atua nos setores de mineração e construção, e o ex-ministro do Desenvolvimento Regional Rogério Marinho.
O grupo, que tem interesses no governo federal, presenteou Jair Renan e o empresário Allan Lucena, um dos parceiros comerciais do filho do presidente, com um carro elétrico avaliado em 90 mil reais.
Um mês após a doação, em outubro do ano passado, representantes da Gramazini se reuniram com Marinho. Segundo o ministério, o encontro, que também teve a participação de Jair Renan, foi marcado a pedido de um assessor especial da Presidência.
Jair Renan prestou depoimento à PF em abril deste ano. Em maio, o empresário Luís Felipe Belmonte admitiu à corporação ter pago 9,5 mil reais pela reforma do escritório do ’04’, localizado no Estádio Mané Garrincha, em Brasília.
Além da oitiva de Belmonte, uma troca de mensagens entre a arquiteta Tânia Fernandes, responsável pela obra, e Allan Lucena já indicava a suspeita. Nas conversas, a arquiteta chama os negócios de “Bolsa Móveis” e “Bolsa Reforma”. Lucena chegou a ironizar o apelido: “Já já sai na mídia. ‘Filho de presidente pede Bolsa Móveis'”, escreveu.
Apesar de confirmar o pagamento, Belmonte negou a relação entre a reforma e agendas ou vantagens com Bolsonaro. Segundo ele, em seu depoimento à PF, o fato de o jovem ser filho do ex-capitão “foi irrelevante”.
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