Política

Ex-chefe da PF na Bahia diz que Torres pediu reforço do policiamento em cidades específicas no 2º turno

O delegado Leandro Almada disse que Torres justificou o pedido com base no combate a suposta ‘anormalidade’ na compra de votos

O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Anderson Torres. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ABR
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O delegado Leandro Almada, superintendente da Polícia Federal na Bahia durante o período eleitoral de 2022, afirmou em depoimento à PF ter recebido do ex-ministro Anderson Torres um pedido para reforçar o policiamento nas ruas em 30 de outubro, dia do segundo turno. A oitiva aconteceu no âmbito do inquérito aberto para investigar as operações da Polícia Rodoviária Federal no Nordeste.

Aos investigadores, Almada disse que Torres justificou o pedido com o combate a uma suposta “anormalidade” na compra de votos no estado. Os destaques do depoimento do delegado foram revelados nesta terça-feira 23 pelo jornal O Globo.

A versão do ex-superintendente contrasta com as afirmações do ex-ministro de Jair Bolsonaro à PF. Em depoimento em 8 de maio, ele negou ter buscado apoio da corporação na Bahia para as blitze. Torres ainda disse que sua viagem ao estado às vésperas do pleito foi ideia do então diretor-geral da PF, Márcio Nunes, que o convidou para a inauguração do prédio da superintendência baiana.

Almada destacou que “a tônica da reunião foi em torno da questão eleitoral” e disse ter recebido de Torres e Nunes um documento com as cidades onde a PF deveria reforçar o policiamento no dia do segundo turno. O ex-superintendente, porém, não apresentou o material aos investigadores. “Pediram para reforçar bastante a nossa parte ostensiva no dia do segundo turno, porque eles ouviram relatos de uma compra de votos muito grande que estaria ocorrendo no estado da Bahia”, disse.

Investigadores acreditam que o boletim serviu de base para o ex-ministro intensificar a fiscalização em rodovias do Nordeste, a despeito de uma ordem contrária do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Entre 28 e 30 de outubro, a PRF abordou 2.185 ônibus no Nordeste, ante 571 no Sudeste.

“Nesse dia também, além do reforço, foi sugerido que a gente atuasse também em conjunto com a PRF”, contou Almada. “A gente alinhou depois dessa reunião, quando eles foram embora, que a gente não… Entendendo inadequada essa ação conjunta, a gente atuaria sozinhos, dentro do nosso planejamento da PF. E foi o que ocorreu.”

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