Política

A versão de Torres sobre as operações da PRF no Nordeste no 2º turno da eleição

O ex-ministro prestou depoimento à PF nesta segunda-feira 8 sobre as fiscalizações feitas na região, onde Lula era favorito

Anderson Torres - Marcos Corrêa/PR
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O ex-ministro da Justiça Anderson Torres prestou depoimento à Polícia Federal nesta segunda-feira 8 sobre as operações da Polícia Rodoviária Federal no Nordeste durante o segundo turno das eleições de 2022.

Durante a oitiva, Torres disse que a viagem à Bahia seis dias antes do pleito partiu do então diretor-geral da PF, Márcio Nunes, que o convidou para uma visita à obra da Superintendência da corporação no estado. Ele, contudo, negou ter buscado apoio da PF para realizar as blitze em rodovias do Nordeste.

Aos investigadores, o ex-ministro ainda confirmou ter recebido um boletim de inteligência da ex-diretora de inteligência do ministério Marília Alencar, mas disse não tê-lo compartilhado com a PRF ou com a equipe da PF na Bahia. O documento apresentava detalhes sobre os locais onde o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) havia sido mais votado no primeiro turno.

Durante depoimento à PF em abril, Alencar destacou que a produção do material foi solicitada por Torres com o objetivo de identificar a suspeita de compra de votos na região. Segundo ela, o pedido foi presenciado por outros colegas da pasta.

Os investigadores acreditam que o boletim serviu de base para o ex-ministro intensificar a fiscalização em rodovias do Nordeste, a despeito de uma ordem contrária do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Entre 28 e 30 de outubro, a PRF abordou 2.185 ônibus no Nordeste, ante 571 no Sudeste.

Na oitiva desta segunda, Torres ainda negou ter interferido no planejamento operacional da PRF e da PF e afirmou que sua preocupação “era o combate aos crimes eleitorais, independentemente de candidato ou partido”.

Após o depoimento, Torres deixou a sede da Polícia Federal em Brasília e retornou ao Batalhão de Aviação Operacional da Polícia Militar do DF, onde está preso desde janeiro por suspeita de omissão nos atos golpistas de 8 de Janeiro.

A PF pretendia ouvi-lo em 24 de abril, mas adiou a oitiva para esta segunda a pedido da defesa, que alegou “piora” no estado de saúde do bolsonarista.

De acordo com os advogados do ex-ministro, ele “quebrou o direito constitucional ao silêncio”, respondeu a todos os questionamentos e mantém “a postura de cooperar com as investigações”.

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