Política

Eurodeputados lançam manifesto contra Bolsonaro

O documento intitulado “Democracia brasileira em risco” convoca deputados do Parlamento Europeu a se manifestarem contra o voto no candidato do PSL

O manifesto alerta para a ameaça autoritária
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Um manifesto contra a eleição do candidato do PSL, Jair Bolsonaro, à Presidência da República começou a circular nesta terça-feira 16 no Parlamento Europeu, em busca de assinaturas dos eurodeputados. Representantes de cinco das sete bancadas se reuniram para defender uma posição contrária clara diante do candidato, que alcançou 46% dos votos no primeiro turno em 7 de outubro.

O eurodeputado português Francisco Assis, do bloco socialista, disse à DW que não se trata de ingerência em assuntos internos. “Não estamos defendendo uma intervenção ilegítima no Brasil. Estamos apenas manifestando nossa posição crítica em relação à possibilidade de que vença uma figura que representa posições protofascistas”, afirmou Assis, durante o evento de lançamento do manifesto Democracia brasileira em risco, em Bruxelas.

“Uma vitória de Bolsonaro, uma figura patética que será a vergonha do Brasil, significaria um retrocesso civilizatório para o país e para o mundo”, afirmou Assis, que é presidente da delegação parlamentar para as relações com o Mercosul.

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Segundo ele, a apologia da violência, a defesa da ditadura e de seus métodos de tortura, as manifestações misóginas, racistas e xenófobas de Bolsonaro, bem como o anúncio de que o Brasil sairia do Acordo de Paris, fizeram soar o alarme entre os eurodeputados.

O eurodeputado liberal espanhol Ramón Tremosa i Balcells, presente ao lançamento do manifesto, afirmou que “se a democracia cai num dos maiores países do mundo, importa para toda a região, para todo o continente, importa para todos nós”.

A eurodeputada ambientalista espanhola Ana Miranda disse que se trata de um manifesto em favor da democracia. “Por isso alertamos para o perigo de alguém como Bolsonaro, que dá sinais de ditador, chegar ao poder”, declarou. “Os movimentos sociais e feministas alertam para um grave perigo neofascista”, acrescentou.

Diante do apoio de 46% do eleitores brasileiros a Bolsonaro, no primeiro turno, Miranda comentou: “Como explicar que Hitler tenha chegado tão longe? É muito complexo”, disse Miranda. “É verdade que o povo decide, mas o povo também pode ser manipulado”.

Para Assis, “a perda de legitimidade pelas instituições brasileiras, o processo de impeachment de Dilma Rousseff, a judicialização da política brasileira e uma grande campanha de desinformação” resultaram na atual situação política.

“Há medo e muita insegurança no Brasil, e isso cria as condições favoráveis para o surgimento desse tipo de figura”, analisou o político português. “Mas a maioria das pessoas que votou em Bolsonaro não é fascista. Elas estão assustadas diante da situação”, comentou.

A Organização das Nações e Povos Não Representados (Unpo), por sua vez, apoia o manifesto ao lado dos deputados liberais, socialistas, ambientalistas e de esquerda por causa da ameaça de Bolsonaro de que iria retirar as terras dos indígenas.

O manifesto vai circular até este sábado pelo Parlamento Europeu e depois será publicado. Dois outros chamados semelhantes – um oriundo do ex-ministro Celso Amorim, o outro vindo do bloco socialista europeu – também circulam pelo Parlamento.

“Teremos também o apoio do eurodeputados democratas de direita”, afirmou Assis. “E depois teremos tempo para refletir sobre as razões políticas, econômicas e sociais que levaram a essa situação. Neste momento, o mais importante é mostrarmos solidariedade com os democratas – de centro, de esquerda, de direita – do Brasil, defender a democracia e dizer ‘ele, não'”, afirmou Assis.

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