EUA autorizam FBI a colaborar com a PF no caso das joias do governo Bolsonaro

O pedido de diligências prevê a quebra de sigilos bancários de Jair Bolsonaro, da ex-primeira-dama Michelle e do tenente-coronel Mauro Cid

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Foto: Evaristo Sá/AFP

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O Departamento de Justiça dos Estados Unidos autorizou o pedido de colaboração policial internacional e o FBI pode atuar nas investigações sobre o esquema ilegal de venda de presentes oficiais recebidos durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). A informação é da TV Globo.

A solicitação de cooperação internacional foi enviada pela Polícia Federal por meio do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional, em agosto. Agora, a equipe de investigadores brasileiros pode acompanhar presencialmente as diligências solicitadas em território americano.

O pedido prevê a quebra de sigilos bancários de Bolsonaro, da ex-primeira-dama Michelle e do tenente-coronel Mauro Cid, diligências em joalherias na Florida e na Pensilvânia, além de depoimentos de testemunhas sobre o esquema de venda de presentes oficiais.

Até o momento, as investigações da PF dão conta de duas hipóteses para explicar o esquema, ambas a ressaltar o papel de Bolsonaro. A conduta descrita pelos investigadores sustenta que houve clara utilização da estrutura do Estado para obtenção de vantagens.

Ao desvio dos presentes segue-se um movimento de ocultação da origem, da localização e da propriedade dos valores provenientes da negociação. Essas linhas de investigação constam de um relatório enviado ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, e embasaram uma operação contra aliados de Bolsonaro em 11 de agosto.

De acordo com a PF, entre 2019 e o fim de 2022, Bolsonaro, Mauro Cid, Marcelo Costa Câmara (então assessor), Osmar Crivelatti (braço-direito de Cid), Marcelo da Silva Vieira (então chefe do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica da Presidência) e outros se uniram com o objetivo de desviar, em proveito do então presidente, presentes recebidos em caráter oficial e entregues por autoridades estrangeiras. A PF menciona pelo menos quatro conjuntos de alto valor.


Após serem apropriados pelo então presidente, os itens foram transportados, de forma oculta, para os Estados Unidos, em 30 de dezembro de 2022, em um avião presidencial. Depois, foram levados a lojas especializadas na Flórida, em Nova York e na Pensilvânia, para serem avaliados e vendidos.

O dinheiro ficaria sob responsabilidade do general Mauro Cesar Lourena Cid e, posteriormente, seria transferido em espécie para Jair Bolsonaro.

“Identificou-se, em acréscimo, que os valores obtidos dessas vendas eram convertidos em dinheiro em espécie e ingressavam no patrimônio pessoal do ex-Presidente da República, por meio de pessoas interpostas e sem utilizar o sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem, localização e propriedade dos valores”, escreveu Moraes, com base nas conclusões da PF.

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