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Estupro/ O anestesista de bem

Novas acusações contra o médico flagrado no Rio de Janeiro

Estupro/ O anestesista de bem
Estupro/ O anestesista de bem
Bezerra fez do estupro de vulneráveis um hábito - Imagem: Polícia Civil/RJ
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Em mais um episódio de violência sexual, revelador do longo caminho a se percorrer na busca por respeito e dignidade para as mulheres no Brasil, o médico anestesista ­Giovanni Quintella Bezerra foi preso na segunda 11 após ser flagrado em vídeo ao estuprar uma paciente grávida, dopada e inconsciente, durante uma cesariana. O crime foi revelado graças à iniciativa de três técnicos de enfermagem do Hospital da Mulher, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, que desconfiaram do comportamento do anestesista e conseguiram filmar o estupro da mulher em absoluta vulnerabilidade. Bezerra é formado em Medicina há cinco anos e há três meses atuava como anestesista em dez unidades de saúde privada e na rede pública estadual. A Polícia Civil diz acreditar que o anestesista cometeu o mesmo tipo de abuso repetidas vezes e ao menos outros cinco casos semelhantes teriam ocorrido, também em outras unidades. Adivinhe em quem Bezerra vota.

Pai e filho

Quando criança, Antônio Cristóvão Neto, filho do ministro Marcelo Queiroga, gostava de acompanhar o pai no trabalho, fascínio que o faz hoje, aos 23 anos, ser estudante de Medicina. Desenvolto em suas andanças por Brasília e suspeito de tráfico de influência em prefeituras da Paraíba, Queiroguinha continua a curtir a companhia do pai, como mostram as 30 vezes em que esteve no Ministério da Saúde apenas em 2022. As visitas do menino prodígio coincidem com a liberação de ao menos 8,5 milhões de reais do SUS a seis municípios paraibanos. Queiroguinha é candidato a deputado federal.

BNDES/ Eis a caixa-preta

O banco pretende perdoar 70% da dívida da família Collor

O banco está aí para apoiar os amigos – Imagem: Fernando Frazão/ABR

Poderosa e influente em Alagoas, a família Collor de Mello recebeu na segunda 11 uma boa notícia do governo Bolsonaro, do qual é aliada. O ­BNDES, maior credor da organização que controla o conglomerado de comunicação do clã, anunciou um acordo para votar a favor do plano de recuperação judicial das empresas que incluem jornais e emissoras de rádio e televisão. Com isso, a família poderá negociar em melhores condições uma dívida de 64 milhões de reais, com direito a carência de um ano para começar a pagar 126 prestações mensais. A proposta prevê ainda o perdão de 70% da dívida do grupo com o banco, que ultrapassa os 15 milhões de reais. A instituição financeira era um dos principais alvos do candidato Bolsonaro em 2018, que prometia abrir a “caixa-preta” dos empréstimos e financiamentos. Passados quatro anos, o BNDES, desmoralizado e desidratado, vira instrumento de benesses a aliados políticos.

Japão/ Paz e amor? Já era

O assassinato de Shinzo Abe é um novo capítulo na história

Abe, um dos mais influentes políticos do Japão, virou alvo – Imagem: Karl Norman Alonso/Presidência das Filipinas

Obrigado a renunciar à corrida armamentista após ser alvo de duas bombas atômicas em ­Hiroshima e Nagasaki, o Japão acabou por cultivar uma imagem de país pacífico. Por isso, o assassinato a tiros do primeiro-ministro Shinzo Abe na sexta-feira 8, durante um ato de campanha eleitoral, chocou o mundo. O ataque acabou por beneficiar o PLD, partido de Abe, que obteve uma ampla vitória nas eleições ao Senado. Defensor da revogação da Constituição Pacifista adotada pelo Japão em 1947, dois anos após o fim da Segunda Guerra, o PLD conquistou 63 cadeiras das 125 em disputa. Somados, os quatro partidos que defendem uma nova Constituição e o abandono da premissa pacifista – entre eles o Nippon Ishin, de extrema-direita – têm agora 177 assentos no Senado, número que permite a aprovação de qualquer projeto nessa direção. O caminho está livre para mudanças como a supressão dos trechos nos quais o Japão “renuncia para sempre à guerra” e garante que “nunca manterá forças armadas”.

Oito bilhões

Relatório sobre crescimento populacional divulgado pela ONU na segunda-feira 11 anunciou que, em 15 de novembro, o número de seres humanos ultrapassará a simbólica marca de 8 bilhões. O estudo revelou também que, como consequência da pandemia de Covid-19, pela primeira vez em meio século houve uma redução na expectativa média de vida, de 72,8 anos para 71 anos entre 2019 e 2021. Graças à postura negacionista do governo Bolsonaro, o Brasil teve uma redução ainda maior e no mesmo período registrou queda de 75,3 anos para 72,8 anos.

EUA/ Bannon no banco dos réus

O guru de Trump não consegue adiar a data do julgamento

Bannon não vai escapar dessa… E de outras – Imagem: Gage Skidmore

Processado por se recusar a cooperar com a comissão do Congresso dos EUA que investiga a invasão do ­Capitólio por apoiadores de Donald Trump em janeiro do ano passado, logo após o anúncio de sua derrota nas eleições presidenciais, o ex-assessor e “estrategista político” ­Steve ­Bannon teve o adiamento de seu julgamento negado pela Justiça na segunda-feira 11. O juiz Carl Nichols manteve em 18 de julho a data marcada para Bannon comparecer ao tribunal. Sobre a recente promessa de cooperação feita pelo guru, o juiz afirmou ser apenas “uma mudança de última hora para tentar evitar o julgamento”. Até então escorado no argumento de que não poderia passar informações confidenciais do governo ao qual serviu, Bannon surpreendeu ao propor uma colaboração na qual explicaria “o papel desempenhado na tentativa de insurreição”, mas não sensibilizou a Justiça. Ele ainda pode ser acusado de incitação à invasão, pois existem gravações de seu podcast War Room nas quais convoca trumpistas a marchar rumo a Washington.

PUBLICADO NA EDIÇÃO Nº 1217 DE CARTACAPITAL, EM 20 DE JULHO DE 2022.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título “A Semana”

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