Justiça
Esquerda e direita disputam protagonismo neste 7 de Setembro
Manifestações em todo o país opõem defensores de Lula e apoiadores de Bolsonaro em meio a tarifas dos EUA, julgamento no STF e corrida eleitoral antecipada


O Dia da Independência de 2025 se transformou em palco de uma das maiores disputas de rua da história recente do Brasil. Enquanto o governo e movimentos sociais alinhados ao presidente Lula (PT) mobilizam atos em defesa da soberania nacional e contra a anistia aos golpistas, a oposição bolsonarista convoca manifestações em todas as capitais para pressionar o Congresso e o Supremo Tribunal Federal pela absolvição de Jair Bolsonaro (PL) e de seus aliados.
A polarização ocorre em um ambiente marcado por tensão política interna e turbulência internacional. Em julho, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, determinou tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, sob a justificativa de que o país estaria perseguindo judicialmente o ex-mandatário brasileiro, de quem é aliado. O gesto ampliou a retórica governista de que a soberania nacional está em risco e reforçou a pauta das manifestações da esquerda neste 7 de Setembro.
No campo oposto, apoiadores de Bolsonaro apostam no lema “Reaja, Brasil” e concentram suas energias na defesa da anistia. A mobilização é liderada pelo pastor Silas Malafaia, apesar de investigações da Polícia Federal sobre seu envolvimento em tentativas de obstrução de Justiça. Mesmo impedido de usar redes sociais e cumprindo prisão domiciliar desde agosto, Bolsonaro segue como a figura central das convocações.
A ausência física do ex-presidente, contudo, abre espaço para novas lideranças. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), deve ter papel de destaque nos atos na Avenida Paulista e é apontado como potencial candidato presidencial em 2026, respaldado por setores do Centrão. Outros nomes, como Romeu Zema (Novo-MG), Jorginho Mello (PL-SC) e Flávio Bolsonaro (PL-RJ), também buscam capitalizar a mobilização.
Principais atos da esquerda
- São Paulo – Praça da Sé, às 9h, e Praça da República, às 9h;
- Rio de Janeiro – Rua Uruguaiana com Presidente Vargas, às 9h;
- Brasília – Praça Zumbi dos Palmares, às 10h;
- Porto Alegre – Parque da Redenção e Ponte de Pedra, às 10h30;
- Salvador – Campo Grande, às 9h;
- Fortaleza – Praia do Futuro, às 8h.
Principais atos da direita
- São Paulo – Avenida Paulista, às 15h;
- Rio de Janeiro – Praia de Copacabana, às 11h;
- Brasília – Estacionamento da Funarte, às 10h;
- Belo Horizonte – Praça da Liberdade, às 10h;
- Salvador – Farol da Barra, às 9h;
- Porto Alegre – Parcão, às 14h.
Do lado governista, sindicatos, movimentos populares e partidos de esquerda realizam atos em 23 estados, com o mote “7 de Setembro do Povo”. Além de criticar as tarifas impostas por Trump e rejeitar a anistia, essas manifestações resgatam pautas sociais, como a defesa da reforma do Imposto de Renda e o fortalecimento da democracia.
Já os bolsonaristas, organizados em todas as capitais, buscam transformar o 7 de Setembro em um plebiscito popular a favor do ex-presidente, mesmo diante de seu isolamento jurídico.
Mais do que a celebração dos 203 anos da Independência, as ruas brasileiras se tornaram neste 7 de Setembro um termômetro da correlação de forças que pode definir os rumos do julgamento no STF e as articulações políticas rumo às eleições de 2026.
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