Política
Espionagem na Abin: PF identifica um programa para invadir computadores
A corporação trabalha, agora, para descobrir quantas máquinas foram espionadas e quais eram os alvos pretendidos, informa TV


A Polícia Federal identificou mais um esquema clandestino de espionagem, durante as apreensões na operação que apura a conduta de servidores da Agência Brasileira de Inteligência em um rastreamento irregular de celulares. A informação foi revelada nesta quinta-feira 26 pela TV Globo.
Segundo a emissora, os investigadores encontraram mais dispositivos suspeitos, que seriam utilizados para invasão em massa de computadores. Essa ação clandestina ocorreria por meio de um software acionado após disparo de e-mail, mensagem de texto ou acesso físico à máquina.
A PF trabalha, agora, para descobrir quantos computadores foram espionados e quais eram os alvos pretendidos.
Nesta semana, o governo Lula (PT) exonerou Paulo Maurício Fortunato, o número 3 da atual direção da Abin, e outros dois integrantes da cúpula do órgão investigados por suspeita de usar irregularmente uma ferramenta de espionagem.
Na semana passada, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, já havia afastado Fortunato do cargo. Depois, a demissão foi confirmada pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa.
Sob o governo de Jair Bolsonaro (PL), período em que o software israelense foi utilizado pela Abin, Fortunato era diretor de Operações de Inteligência. Na gestão Lula, ele foi nomeado pelo atual chefe da agência, Luiz Fernando Corrêa, para o posto de secretário de Planejamento e Gestão.
Na semana passada, durante uma operação autorizada pelo STF, a Polícia Federal encontrou 171 mil dólares em dinheiro vivo na casa de Paulo Maurício Fortunato.
Com a Operação Última Milha, a PF buscou investigar a utilização indevida, por servidores da Abin, de um sistema de geolocalização de dispositivos móveis sem autorização judicial. Um dos presos é Rodrigo Colli, profissional da área de contrainteligência cibernética da agência. O outro é o oficial de inteligência Eduardo Arthur Izycki. Ambos são os suspeitos de coagir os colegas para evitar demissão.
O programa First Mile permitia o monitoramento de até 10 mil donos de celulares a cada 12 meses. Bastava digitar o número do contato telefônico desejado no programa, conforme revelou o jornal O Globo. A tecnologia localizava aparelhos que utilizam as redes 2G, 3G e 4G.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também

A atuação de Ramagem para blindar os agentes da Abin presos pela PF
Por CartaCapital
MP pede ao TCU investigação sobre uso da Abin para espionar críticos de Bolsonaro
Por Wendal Carmo
Governo de SP comprou programa usado pela Abin para espionar opositores
Por CartaCapital