Entrevistas

Erika Hilton quer instaurar ‘CPI da Verdade’ no Congresso para investigar o governo Bolsonaro

Em entrevista após vitória como deputada, a primeira mulher trans e negra do Congresso revela a CartaCapital suas prioridades

Erika Hilton, deputada federal eleita pelo PSOL de São Paulo. Foto: Reprodução
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A deputada federal eleita Erika Hilton (PSOL-SP), primeira mulher trans negra a ocupar uma cadeira no Congresso Nacional, afirmou que pretende priorizar a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito que investigue o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL).

A declaração ocorreu durante entrevista exclusiva ao canal de CartaCapital no YouTube, publicada nesta terça-feira 11. A parlamentar, que batizou a iniciativa como “CPI da Verdade”, disse que somente haverá espaço para fazer essa costura caso Bolsonaro seja derrotado no 2º turno.

“Lula sendo eleito, nos primeiros dias, eu pretendo propor uma CPI da Verdade, que será uma CPI da análise do retrocesso“, disse Hilton. “Nós tivemos o golpe, a gestão Bolsonaro, e nós retrocedemos em direitos de forma brutal. É preciso construir um diagnóstico e entender como o Parlamento, através de políticas públicas, irá encontrar respostas a todas essas problemáticas.”

Questionada se a CPI será criada para investigar o governo Bolsonaro, ela afirmou que “na prática vai ser isso”.

Na prática, vai ser uma CPI para investigar o governo Bolsonaro. Mas, mais do que investigar o governo Bolsonaro, é investigar os danos deixados por ele e como nós conseguiremos resolver esses problemas junto à sociedade.”

Como vereadora da capital paulista, Hilton foi presidente de uma CPI que apurou a violência contra as pessoas trans e travestis. Os trabalhos resultaram em um relatório com recomendações de políticas para esse segmento. Segundo a parlamentar, o documento deve virar um livro.

“A nossa presença não poderá ser figurativa. Ela terá que ser combativa e propositiva”, afirmou.

Na entrevista, a deputada eleita defendeu melhorias no diálogo do campo progressista com a população evangélica. À luz da sua trajetória, como parte de uma família religiosa, Hilton diz ver necessidade de mais didática.

“Acho que nos perdemos em algum momento, do ponto de vista de achar que os religiosos ou até mesmo os conservadores eram todos fascistas. Isso foi um equívoco que nós cometemos, enquanto grupo ao qual pertenço”, avaliou. “Jogamos todo mundo no mesmo balaio. Eu sou filha de uma mulher evangélica. Meus avós são cristãos. Eu cresci em um lar evangélico. E o que eu ouvi foi sobre amor.”

Hilton também disse sentir falta de uma esquerda mais “radical”, mas salientou que vê no momento atual uma importância maior nos esforços pela união de diferentes forças políticas para defender a democracia.

“Nós não estamos no momento da radicalidade, estamos no momento da conciliação em prol da democracia”, analisou. “Mas é preciso radicalizar em algum momento, porque as conciliações do passado nos levaram ao golpe e a um terreno fértil para a proliferação do bolsonarismo.”

Hilton foi eleita com 256 mil votos, após ter sido candidata a vereadora no interior paulista, codeputada estadual em um mandato coletivo e vereadora. Na entrevista, ela também contou sobre alguns destaques da sua trajetória e as suas referências de luta. A íntegra está no YouTube.

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