Política
Entorno de Bolsonaro movimentou R$ 26,6 milhões em 3 anos; Coaf suspeita de lavagem de dinheiro
Documentos do Coaf e da Receita Federal mostram que ex-ajudantes de ordens de Bolsonaro e parentes de Michelle Bolsonaro movimentaram valores milionários, entre 2020 e 2023
Documentos enviados pela Receita Federal e pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) à CPMI do 8 de Janeiro mostram que pessoas do entorno do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) movimentaram, no mínimo, 26,6 milhões de reais entre 2020 e 2023. O relatório, divulgado nesta quinta-feira 21 pelo site G1, dá conta de movimentações feitas por uma série de ex-ajudantes de ordens do ex-presidente, entre eles o tenente-coronel Mauro Cid.
O Coaf considerou que as movimentações, que somam o valor exato de R$ 26.665.739,96, são atípicas. O órgão, inclusive, aponta a possibilidade de que as movimentações estejam ligadas à prática de lavagem de dinheiro.
Somados, os valores são incompatíveis com os rendimentos e do patrimônio das pessoas citadas, como aponta o relatório. Vale destacar que os valores se referem apenas a registros em contas correntes.
Mauro Cid, o principal ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro, e que celebrou, recentemente, um acordo de delação premiada com a Polícia Federal (PF), movimentou 13,5 milhões de reais, entre 2020 e 2023. Já entre 2021 e 2023, o seu pai, Mauro César Lourena Cid, que foi gerente do escritório da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) em Miami, movimentou 3,9 milhões de reais.
Outros cinco ajudantes e ex-ajudantes de ordens de Bolsonaro movimentaram valores expressivos, segundo o relatório. São eles:
- Luis Marcos Reis: 5 milhões de reais. Ele foi preso em maio na operação que investiga o suposto esquema de falsificação nos cartões de vacina da família Bolsonaro;
- Osmar Crivelatti: 2,6 milhões de reais, entre 2021 e 2023. Subordinado a Cid, Crivelatti já foi alvo de operação que investiga a venda de itens de luxo recebidos por Bolsonaro de autoridades internacionais;
- Luiz Antonio Gonçalves de Oliveira: 582,6 mil reais, entre 2022 e 2023;
- Jairo Moreira da Silva: 453,3 mil reais, entre 2022 e 2023. Ouvido como testemunha nas apurações sobre o caso das joias, ele já admitiu à PF que foi ao aeroporto de Guarulhos (SP), em dezembro do ano passado, retirar as joias sauditas doadas a Bolsonaro;
- Adriano Alves Teperino: 268 mil reais, em 2022.
O relatório aponta que movimentações atípicas foram feitas, também, por familiares da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Seu tio, Antonio Braga Firmo Pereira, movimentou 131 mil reais, entre 2022 e 2023. Já uma tia da ex-primeira-dama, Maria Helena Graces de Moraes Braga, movimentou 95,2 mil reais no mesmo período.
O Coaf suspeita de lavagem de dinheiro por considerar, também, que os saques eram realizados, em dias úteis, em valores inferiores aos limites estabelecidos. Essa seria, segundo o órgão, uma forma de dissimular o valor total da operação. Além disso, os valores transferidos passaram a ser, nos períodos mencionados, muito maiores dos que as contas movimentam antes.
Além disso, de acordo com a documentação que a CPMI do 8 de Janeiro teve acessos, as contas pessoais de figuras ligadas ao entorno de Bolsonaro se comunicavam. Vários são os casos de transações entre os próprios ex-ajudantes de ordens de Bolsonaro. No total, as transferências entre essas pessoas somaram 171,4 mil reais.
Até o momento, nenhuma das pessoas citadas se manifestou sobre o relatório.
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