Política

Embate com Flávio, caso Marielle e ‘intimidação’: o que disse (até agora) Witzel na CPI da Covid

Ante a presença de deputados bolsonaristas, senadores da comissão chegaram a oferecer uma ‘sessão reservada’ ao ex-governador do Rio

Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
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A sessão da CPI da Covid nesta quarta-feira 16, marcada pela oitiva do ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel, teve um momento de tensão no início da tarde. O episódio foi protagonizado pelo senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), que foi à Casa acompanhado por deputados federais da tropa de choque bolsonarista, como Hélio Lopes (PSL-RS), Luiz Lima (PSL-RJ) e Otoni de Paula (PSC-RJ).

A presença de deputados na sessão do Senado foi denunciada pela defesa de Witzel, que apresentou uma questão de ordem ao presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), em que pediu a retirada dos bolsonaristas.

O vice-presidente da CPI da Covid, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), e o relator, Renan Calheiros (MDB-AL), manifestaram preocupação com uma possível tentativa de intimidação contra Witzel. Ofereceram, inclusive, uma “sessão reservada” ao ex-governador, com a presença apenas dos senadores do colegiado. “É uma possibilidade constante do Código de Processo Penal”, disse Randolfe.

“Não tenho nenhum problema em estar na presença do senador Flávio Bolsonaro. Conheço a sua família, a sua mãe, o seu pai. E a minha questão aqui não é pessoal, mas institucional, em defesa da democracia. Se o senhor fosse um pouquinho mais educado e menos mimado, teria respeito pelo que eu estou falando”, disse Witzel, dirigindo-se a Flávio.

Calheiros perguntou a Witzel se ele se sentia “inibido” com a presença dos bolsonaristas, ao que o ex-governador respondeu com: “Não sou o porteiro”. Essa declaração remonta à investigação sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco.

Trata-se de menção ao porteiro do condomínio Vivendas da Barra, no Rio de Janeiro, onde o presidente Jair Bolsonaro tem uma casa. Em depoimento à Polícia Civil, o funcionário afirmou que autorizou a entrada no local de Elcio Queiroz – um dos acusados pela morte de Marielle – após anuência de “Seu Jair”, no dia do assassinato da veredora do PSOL.

Em 2019, o então ministro da Justiça, Sergio Moro, pediu à Procuradoria-Geral da República a abertura de um inquérito para investigar o depoimento do porteiro. A PGR acolheu a solicitação.

Posteriormente, o porteiro recuou da oitiva e disse ter se enganado ao registrar a entrada de Elcio na casa 58, que pertence a Bolsonaro. Em novo depoimento, desta vez à Polícia Federal, não confirmou que “Seu Jair” foi o responsável por autorizar a entrada de Élcio.

Nesta quarta, Witzel recuperou o episódio. “O porteiro, uma pessoa simples, prestou depoimento à Polícia Civil. Logo depois o ministro Moro, de forma criminosa, requisita um inquérito para investigar crime de segurança nacional porque o porteiro prestou depoimento para dizer que o executor da Marielle teria chegado no condomínio e mencionado o nome do presidente. Se isso é verdade ou não, não é problema meu, não tenho nada a ver com isso”, iniciou.

“Agora, o porteiro, que estava como testemunha, recebe uma intimação da Polícia Federal, que infelizmente não estou reconhecendo, há requisição do ministro da Justiça, o procurador-geral da República instaura inquérito para acuar. Eu sou jurista. É eminentemente uma coação da testemunha no curso do processo”, acrescentou.

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