Política

Em posse, Bolsonaro pede que novo ministro busque alternativas para isolamento

Presidente deixa claro que quer mudança na política do Ministério da Saúde e defende volta ao trabalho

Em posse, Bolsonaro pede que novo ministro busque alternativas para isolamento
Em posse, Bolsonaro pede que novo ministro busque alternativas para isolamento
Posse do novo ministro da Saúde, Nelson Teich (Foto: Marcello Casal Jr / Agência Brasil)
Apoie Siga-nos no

O novo ministro da Saúde,  o médico Nelson Teich, tomou posse na manhã desta sexta-feira 17. Em uma cerimônia no Palácio do Planalto, o presidente pediu para que o novo chefe da pasta busque uma alternativa para o isolamento social no combate ao  novo coronavírus. “Pega eu e o Mandetta e corta no meio, você vai chegar nesse meio termo necessário”, disse o presidente.

A troca no comando da pasta ocorreu em meio à pandemia vírus. Até esta quinta-feira (16), o Brasil já havia confirmado 30.891casos da covid-19 e 1.952 mortes provocadas pela doença.

 

Em tom amigável, o capitão agradeceu o trabalho do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta e afirmou que estava o demitindo, pois precisava pensar na economia do país. “Essa briga de começar a abrir para o comércio é um risco que eu corro, porque se agravar a situação,  vem para meu colo, mas precisamos enfrentar isso”, afirmou Bolsonaro.

O presidente também criticou a recente decisão do STF em deixar para os Estados e municípios a decisão sobre a quarentena. “Não vou pregar desobediência civil, mas medidas como essa devem ser recachadas por nós”, enfatizou o capitão.

Em seu discurso inicial, o novo ministro disse que sua gestão vai buscar informações de todas as áreas para aprimorar o combate ao vírus.

“Trabalhando com estados e municípios, que consiga ter agilidade na solução de problemas que estão surgindo. Você tem que analisar todo dia o que está acontecendo, fazer planejamento e executar”, afirmou Teich.

“Tem que acompanhar também os indicadores sociais. Se tiver mais desemprego, pessoas que vão perder o plano de saúde, isso vai impactar o SUS. [Vamos buscar a] Informação detalhada, com qualidade, bem avaliada e bem estruturada. E formação de equipe. Coisa que pretendo trazer de forma mais intensa de transição de um ministro para o outro”, disso o novo ministro.

A demissão de Mandetta

O médico Luiz Henrique Mandetta foi demitido pelo presidente Jair Bolsonaro nesta quinta-feira 16 de seu cargo de ministro da Saúde. Mandetta estava à frente do enfrentamento da pandemia de coronavírus no País.

Na quarta-feira 15 à noite, em entrevista à revista Veja, Mandetta confirmou sua saída do governo do presidente Jair Bolsonaro. “São 60 dias nessa batalha. Isso cansa! Sessenta dias tendo de medir palavras. Você conversa hoje, a pessoa entende, diz que concorda, depois muda de ideia e fala tudo diferente. Você vai, conversa, parece que está tudo acertado e, em seguida, o camarada muda o discurso de novo. Já chega, né? Já ajudamos bastante”, afirmou Mandetta.

A demissão de Mandetta vem após muita especulação e incômodos por parte de Bolsonaro, que o ameaçava de demissão desde meados de março, quando o então ministro já seguia as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e de demais técnicos da área sanitária, que recomendavam o isolamento social como medida mais efetiva de combate à propagação do vírus.

Na semana passada, Bolsonaro chegou a cogitar demitir Mandetta, mas foi convencido pela ala militar do seu governo em manter o ministro. No domingo 12, o chefe da pasta da Saúde concedeu uma entrevista à TV Globo na qual ele criticou a postura de Bolsonaro e pediu união no discurso.

A atitude de Mandetta incomodou a ala militar que até então estava em sua defesa e tentava segurar a demissão. O vice-presidente, Hamilton Mourão, em entrevista ao Estadão na terça-feira 14, também criticou o ministro por ter falado à TV Globo, e usou uma expressão do jogo de polo para dizer que Mandetta “cruzou a linha da bola” e cometeu uma “falta grave”, porque “não precisava ter dito determinadas coisas”.

Em pesquisas recentes, a popularidade do então ministro da Saúde disparou em relação à aprovação de Jair Bolsonaro. Segundo o Datafolha, a popularidade da gestão do ministro da Saúde frente à crise do coronavírus foi de 55% para 76%, enquanto a reprovação caiu de 12% para 5%.

Ao mesmo tempo em que seu ministro se destacava, o presidente Jair Bolsonaro viu sua reprovação aumentar de 33% para 39%, crescimento no limite da margem de erro. A aprovação segue estável (33% ante 35%), assim como a avaliação regular (26% para 25%).

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.

O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.

Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.

Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo