Política

Em novas mensagens, Moro chama integrantes do MBL de tontos

O então juiz criticou um protesto realizado pelo grupo em 2016 em frente à casa do ministro Teori Zavascki, por não querer tensão com o STF

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Em um novo vazamento de mensagens no âmbito da Lava-Jato feito pela Folha de S.Paulo neste domingo 23, o então juiz da operação Sérgio Moro aparece criticando o Movimento Brasil Livre (MBL). Em um dos trechos das mensagens, Moro critica um protesto feito pelo grupo em 2016, em frente à casa do ministro Teori Zavascki, no Rio Grande do Sul, então relator da Lava-Jato no STF. Zavascki morreu em um acidente de avião na região do litoral de Paraty, no estado do Rio de Janeiro, em janeiro de 2017.

“Nao sei se vocês têm algum contato, mas alguns tontos daquele Movimento Brasil Livre foram fazer protesto na frente do condomínio do ministro”, digitou Moro no Telegram, fazendo um pedido a Deltan Dallagnol, coordenador da Lava-Jato, para que ajudasse a conter o grupo. “Isso não ajuda evidentemente”, escreveu.

Na época, um protesto liderado pela Banda Boka Liberal, ligado ao MBL, se dirigiu para a frente da residência do ministro, como uma reação ao seu pedido para que Moro encaminhasse ao STF dois inquéritos e uma ação penal que estavam em andamento em Curitiba, incluindo os autos com a lista da Odebrecht, para que Teori decidisse o que fazer com eles. Os manifestantes chamavam o ministro de “pelego do PT”, “traidor” e pediam que deixasse Moro trabalhar.

Moro, na época, não queria tensões junto ao STF, sobretudo para evitar o risco de que isso pudesse levar à paralisação das investigações, em um momento considerado crítico para a operação.

O estopim foi quando a Polícia Federal encontrou na casa de um executivo da Odebrecht papéis que comprometiam dezenas de políticos se encaminhados para a investigação. A PF teria anexado os documentos aos autos de um processo da Lava Jato sem preservar o seu sigilo, o que permitiu que o caso ganhasse conhecimento da imprensa – sendo divulgado pelo jornalista Rodrigues Fernandes, na época.

O fato é que as investigações só poderiam ser iniciadas se autorizadas pelo STF, já que os políticos tinham direito a foro especial. Moro, no entanto, tinha a ideia de dar continuidade aos inquéritos que tinham como foco a Odebrecht, o que o contrariou, na época. Uma vez que o caso dos políticos chegasse ao STF, “pareceria afronta” não dar início às investigações, entendeu o juiz.

Moro temia que, ao pressionar o ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no STF na época, ele desmembrasse os inquéritos que estavam sob seu controle em Curitiba e os esvaziasse num momento em que as investigações sobre a Odebrecht avançavam rapidamente. Em 22 de abril, no entanto, Teori decidiu devolver os três processos a Curitiba, mantendo no STF somente as planilhas da Odebrecht que listavam políticos, que foram preservadas sob sigilo.

A crítica de Moro ao MBL repercutiu nas redes sociais e já é o assunto mais comentado no Brasil, a partir da hashtag #tontosdoMBL. O jornalista Glenn Greenwald, um dos fundadores do site The Intercept que deu início à publicação das reportagens afirmou em uma publicação que “todo o processo judicial foi corrompido pela constante violação de Moro de seu papel”.

Procurado pela reportagem da Folha de S. Paulo, o ministro Sérgio Moro se pronunciou através de uma nota, alegando não confirmar a autenticidade de mensagens obtidas de forma criminosa e que podem ter sido editadas ou adulteradas total ou parcialmente. Também declarou que “repudia a divulgação de suposta mensagem com o intuito único de gerar animosidade com movimento político que sempre respeitou e que teve papel cívico importante no apoio ao combate à corrupção”, afirmou, em uma referência ao MBL (Movimento Brasil Livre).

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