Justiça
Em nova ofensiva, PF faz batida na Secretaria de Educação do Acre
O governo do estado vem sendo investigado pela PF desde julho, sob suspeita de desvios em contratos da Saúde e Infraestrutura
O governo do Acre vem sendo investigado pela PF desde julho, sob suspeita de desvios em contratos da Saúde e Infraestrutura, por meio do direcionamento de licitações, contratações superfaturadas e a confirmação de recebimento de mercadorias não entregues e de serviços não prestados. Com o avanço das apurações, o inquérito também passou a analisar o uso de verbas federais destinadas ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb).
As suspeitas de corrupção vieram a público na Operação Ptolomeu, aberta em dezembro. Na ocasião, a Polícia Federal fez buscas contra o governador do Estado, Gladson Cameli (PP), e prendeu sua chefe de gabinete.
Um dos indícios mais contundentes contra o governador consta em relatório produzido pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). O documento apontou vinte comunicações de movimentações financeiras suspeitas envolvendo Cameli, que ultrapassam a marca de R$ 828 milhões. São depósitos fracionados em espécie, uso de pessoas interpostas para pagamento de contas pessoais, compra de veículos de luxo subfaturados com cessão de créditos, contratações imobiliárias com uso de laranjas e repasses de empresas fictícias, segundo o inquérito.
O governador nega irregularidades. Em nota, os advogados Ticiano Figueiredo e Pedro Ivo Velloso dizem que a investigação da PF é um ’emaranhado de assuntos desconexos’.
“Apenas suspeitas são lançadas, nenhuma imputação de crime é realizada. São apenas ilações desconexas”, afirmam. “Todas as suas movimentações financeiras são lícitas e o seu patrimônio tem origem conhecida, seja no âmbito privado, seja na renda auferida em razão das funções públicas ocupadas.”
As movimentações financeiras suspeitas também colocaram o pai do governador, Eládio Cameli, na mira da Polícia Federal. O mesmo relatório aponta que, entre janeiro e agosto de 2019, período que coincide com os primeiros meses de mandato do filho, o patriarca movimentou R$ 420,4 milhões em uma conta na Caixa Econômica, o que ele nega.
“Inexiste a movimentação de R$ 420 milhões em sua conta corrente. Todo seu patrimônio é fruto de décadas de trabalho, tendo como comprovar a origem lícita”, disse em nota divulgada à imprensa depois que as suspeitas vieram a público.
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