Justiça
Em nova nota, Moraes afirma que não discutiu caso Master com Galípolo
Ministro do STF disse que esteve com o Banco Central para debater apenas a Lei Magnitsky
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), publicou uma segunda nota oficial sobre os encontros que teve com o presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo. O ministro está sob pressão depois que veículos de imprensa disseram que ele fez lobby pela aquisição do Banco Master pelo BRB.
Na nova nota, publicada na noite de terça-feira 23, Moraes afirma que recebeu Galípolo em seu gabinete em duas oportunidades: depois que ele mesmo foi alvo da Lei Magnitsky, imposta pelo governo Donald Trump, e após os efeitos da lei serem estendidos a sua esposa, Viviane Barci de Moraes. Segundo o ministro, os encontros aconteceram em 14 de agosto e 30 de setembro.
“Em nenhuma das reuniões foi tratado qualquer assunto ou realizada qualquer pressão referente a aquisição do BRB pelo Banco Master. Esclarece, ainda, que jamais esteve no Banco Central e que inexistiu qualquer ligação telefônica entre ambos, para esse ou qualquer outro assunto”, diz a nota publicada por Moraes.
O assunto ganhou força após nota publicada na segunda-feira 22 pela coluna da jornalista Malu Gaspar no jornal O Globo, que afirmou que Moraes falou por Galípolo em quatro oportunidades (uma vez pessoalmente, outras três por telefone). O tema seria o Master, banco de Daniel Vorcaro, preso em novembro por suspeita de fraude em transações bilionárias.
Em reportagem publicada na noite de terça-feira 23, o jornal O Estado de S. Paulo, citando “pessoas do meio jurídico e do mercado financeiro que ouviram relatos” afirmou que o ministro chegou a telefonar seis vezes no mesmo dia a Galípolo para saber sobre o andamento da operação de compra do Master pelo BRB.
Inicialmente, em nota publicada também no dia 23, Moraes confirmou ter estado com Galípolo e garantiu que o assunto era a Lei Magnitsky. Entretanto, não tinha informado detalhes sobre o número de encontros.
O motivo do suposto contato de Moraes, ainda de acordo com O Globo, seria um contrato que o escritório da esposa do ministro, Viviane Barci, teria com o Master. O acordo previa 3,6 milhões de reais por mês, por três anos (130 milhões de reais no total).
No segundo texto publicado sobre o tema, Moraes é taxativo ao dizer que “o escritório de advocacia de sua esposa jamais atuou na operação de aquisição BRB-Master perante o Banco Central”.
Também na terça-feira 23, o BC publicou curta nota oficial em que afirma que “manteve reuniões com o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, para tratar dos efeitos da aplicação da Lei Magnitsky”.
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