Política

Em meio a crise indígena, presidenta da Funai renuncia ao cargo

Marta Azevedo deixa o cargo oito dias após a morte de um índio terena no Mato Grosso do Sul, em meio a diversos protestos no canteiro de obras de Belo Monte

Marta Azevedo, ex-presidente da Funai, que se afastou por razões de saúde
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A presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio), Marta Maria do Amaral Azevedo, renunciou ao cargo na tarde desta sexta-feira 7, em meio a maior crise do governo da presidente Dilma Rousseff entre tribos indígenas e fazendeiros. Em nota oficial divulgada há pouco, a Fundação informou que Azevedo deixou o cargo por razões de saúde em virtude da necessidade de realizar tratamento médico que é incompatível com a sua agenda.

“A Funai informa ainda que a diretora de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável (DPDS) do órgão, Maria Augusta Assirati, assumirá o cargo interinamente. Ressaltamos que Maria Augusta ingressou na Funai a convite da presidenta e tem conduzido a DPDS com extrema competência e comprometimento com a missão deste órgão”, avisa a nota.

Maria Augusta assume a presidência na próxima segunda-feira. Marta Azevedo, antropóloga e professora na Unicamp, deixa o cargo oito dias depois de o índio da etnia terena Osiel Gabriel, de 35 anos, ter sido morto durante uma ação de reintegração de posse da fazenda São Gabriel, no município de Sidrolãndia (MS). O primo de Osiel, Josiel Gabriel Alvez, de 34 anos, foi baleado nas costas no mesmo local cinco dias depois. Eles ocuparam o local para pressionar as autoridades públicas a aumentar de 2 mil para 17 mil hectares a Aldeia Indígena Buriti, onde, segundo a Funai, vivem cerca de 5 mil índios.

Nos últimos meses, índios de diferentes etnias também protestaram e ocuparam o canteiro de obra da usina hidrelétrica Belo Monte. Eles reivindicavam ao consórcio construtor que suspendessem a construção até que fosse realizada uma consulta prévia aos povos tradicionais da região, conforme previsto na Conveção 169 da Organização Internacional do Trabalho, do qual o Brasil é signatário.

CartaCapital apurou que, ao contrário do que poderia parecer para alguns –devido ao momento delicado em que a questão indígena brasileira se encontra–, a alegação de “razões de saúde” procede.

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