Justiça

Em meio a crise, EUA cancelam reuniões com militares brasileiros

Encontros serviriam para discutir projetos de manutenção de equipamentos. Lula se reuniu com comandantes

Em meio a crise, EUA cancelam reuniões com militares brasileiros
Em meio a crise, EUA cancelam reuniões com militares brasileiros
Brasília (DF), 19/04/2024 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o comandante do Exército, general Tomás Ribeiro Paiva, e o Comandante da Marinha, Almirante de Esquadra Marcos Sampaio Olsen, durante celebração do Dia do Exército, em solenidade no Quartel-general do Exército, em Brasília. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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Os Estados Unidos cancelaram reuniões previstas para julho e agosto com militares do Brasil. A decisão ocorreu após o anúncio por Donald Trump do tarifaço sobre o País, além do agravamento da crise diplomática com a aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

Os encontros serviriam para discutir projetos de compra e troca de equipamentos voltados à manutenção de peças do Exército e da Aeronáutica. O Exército já tem encomendados 12 helicópteros Black Hawk, avaliados em 451 milhões de dólares, e 222 mísseis Javelin, que custam 74 milhões de dólares.

O mote das discussões seria uma ampliação do programa Foreign Military Sales, que oferta equipamentos norte-americanos usados ou de segunda linha com preços mais baixos.

O temor dos militares é que a crise entre Brasil e Estados Unidos impacte a parceria histórica das Forças Armadas brasileiras com os norte-americanos. Entre os interlocutores das Forças, o medo é que Washington aplique sanções militares que impeçam a exportação ou a importação de tecnologias de defesa.

Dentre elas estão o motor dos aviões F-39 Gripen, radares do Sistema de Vigilância da Amazônia e até o bloqueio nas comunicações ou no fornecimento dos rádios utilizados pelo Exército, fornecidos pelas empresas Harris e Motorola.

Esse tipo de sanção, determinada pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos, já é usada contra países como Venezuela, Irã, Coreia do Norte, Belarus, Rússia, China, Cuba e Síria.

Já na Marinha, o Programa de Desenvolvimento de Submarinos e o Programa Nuclear da Marinha podem ser impactados por essa medida. Ambos necessitam de peças produzidas nos EUA para a montagem de seus equipamentos.

Em contato com CartaCapital, o Exército brasileiro disse que mantém todos os acordos firmados com os Estados Unidos e que não há nenhuma reunião prevista com os norte-americanos.

Lula se reúne com militares 

Na terça-feira 29, o presidente Lula (PT) esteve em uma reunião de duas horas com os três comandantes das Forças Armadas: o general Tomás Paiva (Exército), o almirante Marcos Olsen (Marinha) e e o tenente-brigadeiro do ar Marcelo Damasceno (Aeronáutica).

Os militares fizeram um apelo para Lula adotar uma postura mais pragmática com Donald Trump. Avisaram ao petista que o fim das relações com os EUA poderia impactar a segurança e a defesa do Brasil, principalmente em aspectos náuticos e aéreos. 

Os comandantes também levaram queixas orçamentárias das Forças Armadas. Segundo uma fonte, “falta dinheiro até para o almoço” dos recrutas do Exército.

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