Política

Em live para vender cursos, Bolsonaro elogia Ramagem: ‘Cara fantástico’

O ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência é investigado pela suposta utilização da Abin para espionar opositores políticos do ex-presidente

Reprodução/YouTube
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No último domingo, dia 28, o ex-presidente Jair Bolsonaro, filiado ao PL, teceu elogios a Alexandre Ramagem, ex-chefe da Agência Brasileira de Inteligência, alvo de uma investigação da PF que apura a existência de uma estrutura paralela de espionagem ilegal dentro da agência, sob seu comando.

O ex-capitão descreveu Ramagem como um “indivíduo excepcional” e criticou as investigações em curso, classificando-as como uma “narrativa”. As declarações ocorreram durante um encontro virtual promovido pela família Bolsonaro, com o deputado Eduardo Bolsonaro (PL) no comando, para promover um curso destinado a aspirantes políticos da extrema-direita.

Segundo Bolsonaro, as acusações que pesam sobre o aliado seriam falsas. 

“Essa nova narrativa agora, ‘Abin paralela do Bolsonaro’. Essa acusação em cima do delegado Ramagem, um cara fantástico”, disse o ex-capitão. 

“‘Abin paralela’ porque o Bolsonaro admitiu. Aquela tal da sessão secreta, que o Supremo disse: ‘Tem que divulgar’, era uma reunião com ministros. E porque nós resolvemos divulgar, teve a decisão do Supremo, tudo bem. Mas tinha acusação de que ali estava a prova de que eu interferia na PF. E não estava a prova ali”, prosseguiu, fazendo referência a divulgação do vídeo de uma reunião ministerial realizada em abril de 2020, quando o ex-presidente afirmou que não recebia informações dos órgãos do governo. 

Aparelhamento da Abin

Segundo investigação da Polícia Federal, a Abin teria sido usada pelo ex-presidente para monitorar ilegalmente seus opositores por meio da ferramenta First Mile, que utiliza geolocalização de dispositivos de celular. 

Durante a gestão de Alexandre Ramagem frente ao órgão, ao menos 30 mil monitoramentos ilegais foram realizados pela agência. 

Um dos principais objetivos da ação seria associar os ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes à organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). 

Agentes teriam ainda tentado espionar uma reunião na casa do ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia. 

Outros documentos apontam ainda que a agência teria elaborado dossiês contra opositores políticos, bem como teria criado pareceres que teriam sido usados para auxiliar os advogados que defendem os filhos do ex-presidente em diversas ações criminais, principalmente naquelas que envolvem o cometimento de “rachadinha”. 

Os documentos produzidos pela agência foram entregues ao Palácio do Planalto, à época, comandado por Bolsonaro.

Após as denúncias do caso, Ramagem foi convocado pelo Senado para dar explicações sobre as suspeitas de espionagem política pela Abin.

No início de janeiro de 2024, a Procuradoria-Geral da República apontou haver indícios de que Ramagem teria se corrompido para evitar a divulgação do uso ilegal do software espião durante a gestão do ex-capitão.

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