Economia
Em Itaipu, Lula promete novo acordo entre Brasil e Paraguai com foco na proteção ambiental
Os termos, segundo o presidente, precisam ir além da promoção de benefícios econômicos para os dois países
O presidente Lula (PT) prometeu nesta quinta-feira 16 desenvolver o mais rapidamente possível um novo acordo entre Brasil e Paraguai pela Itaipu Binacional. Segundo o petista, o enfoque do novo contrato precisa contemplar as atuais pautas ambientais e a proteção dos povos originários que vivem no entorno da hidrelétrica.
“Faremos um novo tratado muito benéfico entre Brasil e Paraguai”, disse Lula em mais de um momento durante seu pronunciamento na posse de Enio Verri, deputado federal pelo PT do Paraná, como novo diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional.
“Uma coisa extremamente importante [nesse novo acordo] é ter em conta a importância política de Itaipu”, destacou. “Todos temos clareza de que hoje nós não conseguiríamos construir Itaipu como ela foi construída nos anos 1970. Não conseguiríamos construir o lago. Antes não tínhamos a compreensão ambiental. Então, temos que tirar proveito daquilo que Itaipu representou para o Paraguai e Brasil.”
Segundo Lula, os termos do novo acordo precisam ter a preocupação de fazer a empresa operar em todo o seu potencial para que, em um futuro próximo, produza hidrogênio verde.
“Itaipu é uma coisa fantástica. Tem um lago enorme e uns canos brancos que produzem dólares e não energia”, prosseguiu. “Em um futuro verde, quem sabe, vamos produzir hidrogênio verde dessas águas e ganharemos dinheiro nas duas pontas.”
A preocupação com a proteção dos direitos dos povos que vivem no entorno da empresa também foi citada por Lula. No discurso de posse, Verri já havia assumido o compromisso solicitado pelo presidente. “Me comprometo com a política de Lula de resgatar os direitos dos povos originários e garantir todos os direitos aos povos indígenas do entorno de Itaipu”, disse o novo diretor brasileiro da hidrelétrica.
Os termos do novo acordo, acrescentou Lula, precisam também contribuir com o desenvolvimento da América Latina. Conforme explicou o presidente no evento, isso significa que o crescimento almejado pelos dois governos terá de ser compartilhado com a região para evitar conflitos.
“Tenho certeza de que iremos fazer um tratado que leve muito em conta o respeito que o Brasil tem que ter pelo Paraguai”, insistiu. “É impossível pensar o Brasil rico cercado de países pobres. Temos responsabilidade de fazer com que os outros países cresçam juntos conosco, para que a gente nunca mais repita o gesto ignorante de uma guerra que já aconteceu entre Brasil e Paraguai.”
No evento, Lula também citou que a hidrelétrica precisará ajudar no desenvolvimento de outras políticas do novo governo. A reconstrução da Universidade Federal da Integração Latino-Americana e a retomada da União de Nações Sul-Americanas foram alguns dos exemplos citados.
“Fico pensando em como um país do tamanho de Cuba consegue ter universidade de Medicina para oferecer para toda a América do Sul e países africanos, e como um país do tamanho do Brasil não tem essa generosidade”, questionou em determinado momento.
“Por isso, volto com a missão de provar que podemos fazer mais e melhor do que fizemos. É preciso aprimorar nossa política externa. O Brasil tem que ter a grandeza de ser humilde e compartilhar tudo o que pode acontecer de bom com o povo brasileiro com seus países vizinhos.”
Em sua participação na posse de Verri, Lula ainda pediu paciência ante cobranças por mudanças, logo após ser interrompido por uma criança que celebrou a queda no preço da picanha. “[Baixou] E tem que baixar mais. Mas precisamos dar um tempo para as coisas acontecerem, porque não dá para acontecer do dia para a noite”.
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