Política

Em discurso a banqueiros, Bolsonaro xinga Lula e recorre a clichês sobre Cuba e Venezuela

Na Febraban, o ex-capitão também atacou as cartas em defesa da democracia e voltou a lançar dúvidas vazias sobre as urnas

Foto: Reprodução
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) usou um almoço na sede da Federação Brasileira de Bancos, em São Paulo, nesta segunda-feira 8, para atacar Lula (PT), lançar dúvidas infundadas sobre o sistema eleitoral e repetir clichês da extrema-direita, com informações distorcidas sobre países da América do Sul.

Ele também mirou os signatários dos manifestos em defesa da democracia e das urnas eletrônicas – um deles, organizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, tem o apoio da Febraban.

Em seu discurso aos banqueiros, Bolsonaro recorreu a alegações truncadas sobre países como Cuba, Venezuela, Argentina, Chile e Colômbia, a fim de criar a impressão de que todos vivem sob o mesmo sistema político e as mesmas bases econômicas – e, principalmente, ligar todos eles a Lula.

Apesar dos ataques, Gabriel Boric tem menos de cinco meses na presidência do Chile e Gustavo Petro, o primeiro mandatário de esquerda da Colômbia, está no cargo há menos de 24 horas.

“Em pouco tempo estaremos no trenzinho Cuba-Venezuela-Chile-Colômbia”, disse o ex-capitão à plateia na Febraban. “Esqueçam Cuba, Venezuela. Como está a Argentina? Como está o Chile? A Colômbia agora? É isso que queremos? Vamos achar que o DNA do cara mudou?”, emendou em referência a Lula, o líder das pesquisas de intenção de voto. Em uma agressão direta, Bolsonaro se referiu ao ex-presidente como “canalha”.

Ao tornar a lançar questionamentos vazios sobre o sistema eletrônico de votação, Bolsonaro ironizou as urnas eletrônicas. Como de praxe, não apresentou qualquer evidência a sustentar suas alegações.

“Não sei por que vocês gastam fortuna com defesa cibernética. Tem em Brasília um órgão que tem algo intransponível, impenetrável, inexpugnável. Vão para lá, pô, pegar tecnologia deles. É isso o que está causando esse burburinho da democracia.”

Ele também mirou os brasileiros que assinaram manifestos pró-democracia. Um deles, organizado na Faculdade de Direito da USP, já se aproxima da marca de um milhão de signatários.

“Vocês têm que olhar na minha cara, ver minhas ações e me julgar por aí. Não vou assinar cartinha, uma carta mais que política, de voltar o País nas mãos daqueles que fizeram uma ofensa conosco”, prosseguiu. “Fazer cartinha, faz. Como estão os banqueiros se sentindo na Argentina no momento? E na Venezuela? E em Cuba?”

Uma pesquisa do instituto FSB publicada nesta segunda 8 mostra que Lula lidera a disputa pelo Palácio do Planalto com 41% das intenções de voto no primeiro turno, ante 34% de Bolsonaro. O petista também bateria o ex-capitão no segundo turno, por 51% a 39%.

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