Política

Em chapas opostas nas eleições para governador, Ceciliano e Castro agem por acordo para vaga no TCE

Vaga de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio, aberta desde fevereiro, é disputada nos bastidores da Alerj

O presidente da Alerj, André Ceciliano (PT), ao lado do governador Cláudio Castro (PL). Foto: Rafael Campos/Governo do Estado do Rio de Janeiro
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As eleições deste ano fazem com que a vaga de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCE-RJ) aberta desde a aposentadoria de Aloysio Neves, em fevereiro, seja disputada nos bastidores da Assembleia Legislativa (Alerj) e não no plenário da Casa.

O governador Cláudio Castro (PL) e o presidente da Alerj, André Ceciliano (PT), tentam fazer com que Rosenverg Reis (MDB), Val da Ceasa (Patriota) e Márcio Pacheco (PSC) não travem uma disputa voto a voto. Caso isso seja inevitável, a intenção é empurrar a votação para depois do segundo turno.

Na avaliação dos dois, que estão em chapas opostas, a disputa por apoios poderia comprometer os arcos de alianças já formados às vésperas da eleição.

Antes azarão na corrida pela vaga no TCE, Val da Ceasa se tornou o favorito nos últimos meses entre os parlamentares. O nome, no entanto, não agrada a Ceciliano nem a Castro. A nomeação dele poderia desagradar a família Reis, que tem forte influência na Baixada Fluminense.

Ex-prefeito de Duque de Caxias e irmão de Rosenverg, Washington Reis (MDB) é apontado como possível vice na chapa de Castro à reeleição. Além disso, o clã espera ter o controle de secretarias num eventual segundo mandato.

Apesar do alinhamento ao presidente Jair Bolsonaro (PL), os dois membros da família Reis são próximos de Ceciliano e podem endossar o nome dele ao Senado.

O presidente da Alerj é o candidato ao Senado indicado pelo PT para a chapa que tem o deputado federal Marcelo Freixo (PSB) ao governo. Os pessebistas, no entanto, insistem no nome do deputado federal Alessandro Molon para a vaga.

Já na chapa de Castro o candidato ao Senado é Romário (PL), que pretende disputar a reeleição. Ele enfrenta, no entanto, resistência de bolsonaristas.

Com cargos na Ceasa e na estrutura da Secretaria Estadual de Agricultura, Val deve ter que escolher entre concorrer ao cargo de conselheiro e continuar com essa influência no governo. Pessoas próximas ao parlamentar afirmam que a eventual ameaça de retirada dos cargos poderia dissuadi-lo.

Em paralelo, há a vontade tanto de Castro quanto de Ceciliano em fazer valer um acordo firmado anos atrás: pré-candidato à presidência da Alerj em 2019, Pacheco abriu mão da disputa em troca de um empurrão para o TCE, deixando o caminho livre para Ceciliano. Castro, por sua vez, iniciou a sua carreira política como chefe de gabinete de Pacheco na Câmara Municipal do Rio e não esconde de aliados que quer vê-lo no tribunal.

O favorito dos dois, no entanto, é considerado o mais fraco em termos de votos no plenário. Ele foi o primeiro parlamentar da Casa a ser denunciado pelo Ministério Público do Rio no caso das “rachadinhas”, o que gera constrangimento entre os pares.

A abertura do prazo de inscrições para concorrer ao TCE-RJ foi autorizada por Ceciliano na última sexta-feira e vai até o próximo dia 20. A expectativa é de que apenas um dos nomes siga com a candidatura até o final. Do contrário, os prazos podem ser ampliados. Não há registro recente de disputas no plenário da Alerj por indicações ao tribunal.

Enquanto a Alerj debate quando o novo conselheiro será escolhido, a corte estadual, composta por sete conselheiros, segue incompleta desde 2017. Hoje funciona com cinco integrantes. Desses, apenas dois são titulares, nomeados após passarem por sabatina na Alerj. Três são conselheiros substitutos — servidores públicos concursados.

Segundo o Ministério Público Federal (MPF), os cinco conselheiros afastados receberam propina para fazer vista grossa nos desvios dos cofres públicos praticados pelo grupo do ex-governador Sérgio Cabral.

Apesar de afastados desde 2017 por corrupção e organização criminosa, Marco Antônio Barbosa de Alencar, José Maurício Nolasco, José Gomes Graciosa, Domingos Brazão e Aloysio Neves continuam a receber vencimentos de cerca de R$ 50 mil. Este último foi aposentado compulsoriamente ao atingir 75 anos. As vagas de Aloysio, Graciosa, Brazão e Marco Antônio deverão ser preenchidas pela Casa. A de Nolasco caberá ao Executivo.

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