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Em busca de votos, Bolsonaro multiplica presentes aos pobres, critica imprensa europeia

Para o jornal econômico Les Echos, Bolsonaro quer se mostrar generoso para superar os cinco pontos de diferença em relação à Lula nos resultados do primeiro turno

Foto: CAIO GUATELLI / Caio Guatelli / AFP
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A imprensa europeia se interessa pelos últimos dias de campanha antes do segundo turno das eleições no Brasil. Dois jornais abordam, nesta terça-feira (25), a estratégia do presidente Jair Bolsonaro (PL) de utilizar ajuda social para atrair o voto dos brasileiros mais desfavorecidos.

“Bolsonaro multiplica presentes aos mais modestos” é o título de uma matéria do jornal econômico Les Echos que lembra que o candidato já gastou R$ 68 bilhões com o chamado “pacote de bondades”. Para o diário, Bolsonaro “aposta alto” ao aumentar em 50% o montante dos auxílios às famílias mais pobres, elevando a quantidade de lares beneficiados a mais de 20 milhões.

Les Echos também destaca que o presidente prometeu ainda um décimo-terceiro salário às mulheres que recebem o “Auxílio Brasil”, além de ajuda aos caminhoneiros e taxistas. No entanto, lembra a matéria, o ministro ultraliberal Paulo Guedes embaralhou as cartas defendendo seu antigo projeto de desvincular o reajuste do salário mínimo e das aposentadorias à inflação, o que, segundo o diário, diminuiria o poder aquisitivo dos mais pobres.

Do outro lado do fronte, Les Echos afirma que Lula (PT) denuncia que Bolsonaro “quer comprar a consciência do povo”. O líder petista argumenta que o salário mínimo nunca foi elevado durante os últimos quatro anos do atual governo. Para Les Echos, Bolsonaro quer se mostrar generoso para superar os cinco pontos de diferença em relação à Lula nos resultados do primeiro turno.

Medidas legalmente questionáveis

“Presidente Bolsonaro abre os cofres públicos para arrancar votos dos pobres” é o título de uma matéria publicada no site do jornal espanhol El País. O diário aponta que, ironicamente, durante sua carreira de deputado, o líder da extrema direita brasileira sempre acusou Lula e a ex-presidente Dilma Rousseff de utilizar a ajuda social para conquistar eleitores.

Entrevistado por El País, Gustavo Fernandes, professor de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas, explica que algumas medidas anunciadas pelo presidente são “questionáveis do ponto de vista legal”, apontando as graves consequências de converter uma política social para a obtenção de votos. No entanto, o diário lembra que começam surtir efeitos das medidas eleitoreiras de Bolsonaro e as pesquisas de intenções de voto mostram que o candidato do PL diminui a diferença de votos em relação a Lula.

El País lembra que, se cumprir as promessas, os montantes ultrapassarão os tetos definidos para os gastos públicos do próximo ano. Assim, no caso de vencer a eleição, a partir de 1° de janeiro Bolsonaro vai ter que achar dinheiro para pagar os mais necessitados. Enquanto isso, “mais de 33 milhões de brasileiros passam fome”, salienta a matéria.

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