Política

Em abertura de memorial a vítimas da Covid, cúpula da CPI cobra atitude de Aras

O relator da comissão, Renan Calheiros, também chamou de ‘surreal’ a decisão da PF de livrar Bolsonaro no caso Covaxin

O senador Randolfe Rodrigues. Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
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O Senado inaugurou nesta terça-feira 15 um memorial às vítimas da Covid-19 no Brasil. O monumento, composto por 27 prismas iluminados, representando as unidades federativas, está fixado permanentemente no auditório da Casa.

O pedido para homenagear os mortos pelo coronavírus foi feito pela CPI da Covid, que investigou as ações do governo federal frente à pandemia.

Na cerimônia, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que ocupou a vice-presidência da comissão, criticou o que chamou de “memória seletiva”. 

“Nós vivemos tempos tristes da nossa história. Nenhum dos conflitos bélicos em que a nossa Nação se envolveu, desde o seu surgimento, matou tanto quanto esses dois anos de pandemia. E esse é um triste lamento e registro a ser feito: este é o primeiro memorial a ser feito mesmo com essa tragédia em curso”, afirmou o parlamentar. Ele também frisou a necessidade de as autoridades darem prosseguimento ao relatório da CPI.

“Os parlamentares membros da comissão trabalharam com zelo e afinco. E os mesmos zelo e afinco é que queremos que as instituições deste País exijam dos órgãos para os quais foi entregue o relatório da CPI da Pandemia. Sobretudo a Procuradoria-Geral da República.” 

Randolfe ainda comentou a banalização dos crimes apurados no curso da CPI.

“Regimes de exceção, regimes totalitários sempre atuaram baseados na normalização dos crimes. Essas experiências também banalizavam a ciência para justificar o seu principal objetivo. Os regimes fascistas têm como objetivo a cultura da morte”, prosseguiu. “Neste Senado não há espaço para negacionismo.”

O senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI, também se manifestou na cerimônia e cobrou as autoridades sobre as responsabilizações sugeridas pelo documento final da comissão.

Renan considerou “surreal” a conclusão da Polícia Federal de que o presidente Jair Bolsonaro não teria cometido crime de prevaricação no caso Covaxin.

“O relatório da Polícia Federal isenta o maior servidor público da Nação, o presidente da República, da obrigação de agir”, disse.

Além disso, reforçou o emedebista, “a Procuradoria recebeu há mais de cem dias todo o conjunto probatório reunido pela Comissão”. 

“No entanto, o PGR, Augusto Aras, inventou um novo encaminhamento, através de petições sigilosas, para o Supremo Tribunal Federal. Não são investigações, não são nada”, acrescentou.  

O parlamentar ainda teceu duras críticas a Bolsonaro por  sua inação nos últimos dois anos: “O escárnio presidencial com a vida entrará para a história universal da infâmia”.

Por fim, Renan atribuiu o fato de Brasil ser um dos piores países no combate à pandemia ao comportamento “reiteradamente obscurantista” de Bolsonaro.

“Escarneceu de vidas, minimizou o poder devastador da pandemia, mentiu repetidamente, boicotou a ciência, renegou as vacinas e, como um Simão Bacamarte, ensandecido, saiu por aí prescrevendo ilegalmente remédios sem eficácia”, completou, em uma referência ao personagem de O Alienista, de Machado de Assis. 

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