Jair Bolsonaro tem 1 milhão de seguidores no Telegram, rival do WhatsApp. Na rede social de origem russa, ele deita e rola numa reconhecida competência sua: mentir. Uma arma para a guerra (suja) de sua futura campanha à reeleição. Mas essa farra está com os dias contados. Após o Carnaval, o Telegram sofrerá um cerco. De um lado, os deputados votarão um projeto destinado a botar um mínimo de ordem na terra sem lei das chamadas plataformas digitais, com dispositivos para enquadrar a empresa. De outro, o Tribunal Superior Eleitoral e, possivelmente, o Supremo Tribunal Federal terão de se pronunciar em ações que questionam o modus operandi da firma, a começar pelo fato de ela não ter ninguém com plenos poderes no Brasil, só uns advogados que a defendem em casos de propriedade intelectual.
Achar uma solução para coibir a desinformação espalhada via Telegram é uma das missões do novo presidente da Corte eleitoral, Edson Fachin. Sua posse na terça-feira 22 não contou com Bolsonaro, que nem precisou do aplicativo de mensagens para mentir. Em um ofício ao TSE, o ex-capitão disse que não poderia comparecer por ter “compromissos pre-estabelecidos”. O último item de sua agenda naquele dia foi das 17 às 17h30, e o evento da Corte estava marcado para as 19 horas. Na véspera, Fachin havia se reunido com o embaixador alemão, Heiko Toms, para conversar sobre a experiência daquele país na lida com o Telegram. Invenção de dois irmãos russos, a rede social tem uma mesma prática onde quer que atue. Nada de escritório local. Sede só em Dubai. No início do ano, a Alemanha conseguiu forçar a empresa a cooperar e parar de disseminar teorias conspiratórias sobre Covid-19 e neonazismo, por exemplo, graças à ameaça de multas pesadas.
O Congresso e a Justiça preparam um cerco ao Telegram, plataforma na qual Bolsonaro dissemina fake news sem controle
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