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Elas sim, ele não

A larga vantagem entre as mulheres explica a folgada liderança de Lula nas pesquisas

Claudia e Danilo, moradores do ABC e Tais e Fabiano, de Canoas: elas estão com Lula, eles com Bolsonaro - Imagem: Silvio Avila e Renato Luiz Ferreira
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Claudia Duarte Cerezer, advogada de 28 anos, casou-se com o empresário Danilo Wallace Pagliai, de 26 anos, em novembro do ano passado. Morador de São Bernardo do Campo, na Grande de São Paulo, o casal tinha planejado unir-se quatro anos atrás, mas aí veio a eleição presidencial de 2018. Ela votaria em Ciro Gomes no primeiro turno e em Fernando Haddad no segundo, ele iria de Jair Bolsonaro nas duas etapas. A divergência de opinião causou brigas, o namoro ficou por um fio. “Ele era um analfabeto político”, brinca Claudia. Foi preciso conversar muito para salvar a relação. O que não significa o fim das diferenças. Pagliai votará para reeleger o presidente, motivado pela defesa das armas e pelos escândalos petistas de corrupção. “A gente que é do ramo empresarial sabe que, se não pagar caixinha para o PT, não abre um negócio”, dispara. Claudia acredita que os escândalos merecem autocrítica do partido, mas não deixará de votar em Lula. A melhora de vida dos pais durante o governo do ex-presidente, quando ela era criança, fala mais alto. E mais: “O Bolsonaro é incompetente, chucro, preconceituoso”.

“É completamente despreparado para atuar como governante, descompromissado com o povo e a recuperação econômica do País. Acho revoltante o tratamento que ele defere às mulheres”, afirma outra advogada, Taís Vicenzi, de 42 anos. Ela e o marido, Fabiano Bandeira, da mesma idade, mudaram-se em junho para um apartamento em Canoas, a 23 quilômetros de Porto Alegre. Deixaram uma casa grande, na capital gaúcha, emprestada pela mãe de Taís. O gasto mensal para mantê-la variava de 2 mil a 2,5 mil, fora a despesa salgada com gasolina para ir trabalhar em Canoas. Com o apartamento, são 700 ­reais. É outro caso de discussões domésticas por política. Ela votou em Haddad em 2018 e agora irá de Lula, ele repetirá o voto em Bolsonaro. “Bandido e vagabundo não devem ser recebidos com flores”, entoa Bandeira, atraído pelo discurso linha-dura do capitão e convencido de que Lula e o PT roubam. Para ele, o presidente deu “azar” com a pandemia e a crise econômica seria fruto da crise sanitária. Formada em Direito, Taís crê há tempos que Lula foi perseguido judicialmente. E lembra os bons tempos do petista no poder. O imóvel em Canoas foi comprado naquela época. “Lula representa um governo que me possibilitou crescimento social e financeiro a partir do meu trabalho.”

Claudia e Taís são exemplos da fortaleza que o voto feminino se tornou para o ex-presidente e do abacaxi para Bolsonaro, obrigado a apelar à primeira-dama, Michelle, para tentar limpar a barra. A preferência das mulheres por Lula e a rejeição ao capitão explica-se por razões objetivas, como as condições de vida, e outras subjetivas, como a personalidade dos dois candidatos. Há quem aponte, inclusive, uma inclinação maior das mulheres em geral às causas de esquerda.

Bolsonaro recorre a Michelle, na esperança de reduzir a preferência das mulheres por Lula – Imagem: Mauro Pimentel/AFP e Ricardo Stuckert

As mulheres são a maioria do eleitorado, 8,3 milhões a mais do que os homens. Estão aptos a ir às urnas 156,4 milhões de brasileiros. Elas são 82,3 milhões, 52,6% do total, e eles, 74 milhões, ou 47,4%. Lula ostenta, neste momento, 22 milhões de intenções de voto a mais que Bolsonaro no primeiro turno, em um cálculo baseado na média de quatro pesquisas (Datafolha de 23 de junho, Genial/Quaest de 6 de julho, XP/Ipespe e BTG/FSB, ambas de 25 de julho). Nesta média, o ex-presidente tem 45% e o atual, 31%. A larga diferença é obra feminina. Elas garantem ao petista uma vantagem de 18 milhões de votos, o eleitorado conjunto de Bahia e Ceará. Em um duelo final, Lula bateria Bolsonaro por 31 milhões de votos, de acordo com o Datafolha de 23 de junho, 57% a 34%. Apenas entre as mulheres, venceria por 62% a 27%. Uma margem de 28 milhões de votos, a soma dos eleitores de Minas Gerais e Rio de Janeiro.

A folga do petista no voto feminino se sustentará depois que o governo começar a pagar o Auxílio Brasil de 600 reais, a partir de 9 de agosto, uma semana antes do início oficial da campanha? É uma das grandes incógnitas do momento. O valor, antes de 400 reais, subiu graças ao desespero eleitoral do presidente, operação parlamentar que mandou às favas as regras vigentes de que o governo não pode criar ou ampliar benefícios sociais às vésperas do pleito pela razão óbvia de que desequilibra a competição. O auxílio atende 18 milhões de brasileiros, dos quais 15 milhões são mulheres. Quase metade dos beneficiários (47%) mora no Nordeste, reduto lulista. Outros 28%, no Sudeste. Lula tem martelado: o aumento foi eleitoreiro e a prova é o fato de só valer até dezembro. Convencerá o público? No QG petista, teme-se que o pagamento, somado à queda do preço da gasolina, gere uma sensação de alívio econômico, sobretudo no Sudeste, lar de 42% dos votantes. E, por extensão, se reverta em votos para Bolsonaro e impeça Lula de vencer no primeiro turno. Liquidar a fatura em 2 de outubro é uma meta lulista, até para enfraquecer o discurso golpista e evitar um duelo final sob o signo da violência e da desordem.

O PETISTA ACUMULA 22 MILHÕES DE INTENÇÕES DE VOTO A MAIS QUE BOLSONARO. DO TOTAL, 18 MILHÕES SÃO ELEITORAS

Cientista político da UFMG e da consultoria Quaest, Felipe Nunes captou, de junho para julho, pistas de certa boa vontade do eleitorado com o esforço do governo para baratear a gasolina e aumentar o Auxílio Brasil. Os indícios estão em uma pesquisa mensal da Quaest contratada pelo Banco Genial. No levantamento, 42% afirmaram que o presidente faz o que pode para impedir a alta do preço dos combustíveis, índice superior à intenção de voto nele, 31%. Ao reconhecer esse esforço, um em cada dez eleitores propensos a votar em Lula, que marca 45% na pesquisa, admitia trocá-lo pelo capitão.

Nunes examinou pesquisas realizadas em julho do ano de todas as eleições presidenciais desde 1998 e concluiu: “Não há nenhuma variável em que se mensura de forma mais significativa a mudança no perfil do eleitor do PT ao longo dos anos do que na variável ‘sexo’”. A votação feminina no partido cresceu nesse período, embora não de forma linear. O governo Lula e a figura do petista ajudam a elucidar o fenômeno, na avaliação de Luciana Veiga, presidente da Associação Brasileira de Ciência Política. Explicações que se sobressaem na comparação com a obra e a personalidade de Bolsonaro. As mulheres, diz Veiga, costumam gerir as finanças domésticas. Vão mais ao supermercado, por exemplo. Na era Lula, havia prosperidade, era mais fácil comprar comida, carro, eletrodoméstico. Agora, a inflação anda pelas alturas, o poder de compra caiu, o desemprego é maior. “Há também uma relação de confiança maior com Lula do que com Bolsonaro. O Lula não fala de forma agressiva como o Bolsonaro, tem um jeito mais afetuoso. O presidente é ríspido. A maneira como lidou com a pandemia foi sem empatia, sem solidariedade com a dor do outro, e empatia e solidariedade são sentimentos mais comuns no mundo feminino”, afirma a acadêmica. O petista, volta e meia, diz que governar é “cuidar”, imagem mais bem compreendida por elas do que por eles. As mulheres, prossegue Veiga, em regra administram a saúde em casa, marcam consultas, levam parentes ao médico. A impopularidade governamental, recorde-se, disparou a partir do Coronavírus. No Datafolha, o pico de desaprovação à gestão Bolsonaro, de 53%, foi atingido perto da aprovação do relatório final da CPI da Covid, no fim do ano passado. Entre as mulheres, segue na casa dos 50%. Na pandemia, a desaprovação arrefeceu um pouco, quando do pagamento do auxílio emergencial de 600 reais. Será assim com o Auxílio Brasil de igual valor?

Em junho, Flávio Bolsonaro, filho do presidente, declarou publicamente que quem recebia os 400 reais de auxílio não passava fome. Foi logo após a divulgação de dados sobre o avanço do flagelo no Brasil. Segundo uma rede de pesquisadores de universidades, a Penssan, 125 milhões de brasileiros possuem dificuldades diárias para se alimentar e 33 milhões não têm o que comer. Outro estudo, do economista Marcelo Neri, da FGV, identificou uma “feminização” da fome em 2021, no embalo da pandemia. O drama atingia 47% das mulheres. O índice geral, homens incluídos, era de 36%. “Mulheres e pessoas de meia-idade tendem a estar fisicamente mais próximas e mais responsáveis pelas crianças. Assim, a insegurança alimentar desses grupos acaba gerando consequências para o futuro do País, uma vez que subnutrição infantil deixa marcas permanentes físicas e mentais na vida dos indivíduos”, escreveu Neri.

*Fonte: Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
**Fonte: Média das pesquisas Datafolha de 23 de junho, XP/Ipespe e BTG/FSB, ambas de 25 de julho
***Fonte: Datafolha de 23 de junho

Em abril, Lula havia participado de um ato público em um bairro na Zona Norte de São Paulo, a Brasilândia, dirigido a mulheres. No evento, carrinhos de supermercado “comparativos” exibiam o que era possível comprar com um determinado valor hoje e nos tempos do petista. As diretrizes do programa de governo do ex-presidente, lançadas em julho, indicam: “Devemos enfrentar a realidade que faz a pobreza ter o ‘rosto das mulheres’, principalmente ‘das negras’”. Uma prévia do documento tinha sido enviada duas semanas antes aos seis partidos aliados na disputa presidencial (PCdoB, PSB, PSOL, PV, Rede e Solidariedade). Continha os termos “machismo” e “sexismo”, atitudes que mereceriam “combate”, e “direitos sexuais reprodutivos”, que deveriam ser “assegurados” pelo poder público. Na versão final, sumiram. “Foi um pedido dos aliados, que preferiam uma formulação mais genérica”, diz um dos chefes da comunicação lulista, o deputado Rui Falcão, para quem, se eleito, o petista montará um ministério com o mesmo número de homens e mulheres.

Segundo os aliados que pediram a supressão, as expressões poderiam causar dor de cabeça na luta por votos, em especial entre os evangélicos. “Direitos sexuais e reprodutivos” são uma forma branda de falar de “aborto”. É um tema que o bolsonarismo usa contra Lula. Em abril, o ex-presidente participou de um debate com integrantes do Partido Social-Democrata da Alemanha e defendeu encarar a interrupção de gravidez como questão de saúde pública: “Temos de assumir essa discussão, tentando fazer a sociedade evoluir, e não compartilhando do retrocesso. Este é um desafio para nós durante um processo de campanha, mas não é só na campanha, é durante a nossa trajetória de vida”. Um dia depois, comentou em uma rádio do Ceará ser pessoalmente contra o aborto. Adiantará? O vídeo com sua declaração original corre por aí, graças à máquina bolsonarista na internet.

Em uma pesquisa de junho do ­Datafolha, 32% dos brasileiros defendiam a proibição total do aborto, que pela lei é possível em algumas situações, e apenas 8% eram a favor de sua liberação geral. O levantamento fez várias perguntas sobre temas polêmicos e o papel do Estado na economia, categorizou as respostas como indicativo de visão “progressista” e “conservadora” e concluiu: 49% dos brasileiros seriam de esquerda e 34%, de direita. Entre as mulheres, 55% estariam no primeiro time e 27% no segundo. Entre os homens, quase um empate: 42% e 41%, respectivamente.

DE 1998 PARA CÁ, AUMENTOU O PORCENTUAL DE MULHERES QUE VOTAM NO PT. ELAS TAMBÉM ESTÃO MAIS ALINHADAS ÀS PROPOSTAS PROGRESSISTAS

O cientista político Antonio Lavareda, do instituto de pesquisas Ipespe, enveredou pela carreira por estudos de neurociência. Segundo ele, por terem 20 vezes mais testosterona dos que as mulheres, homens são mais assertivos, ambiciosos, competitivos. E que, por sentirem menos medo, tornam-se mais agressivos, violentos e dispostos a correr perigos. Tais traços os deixariam permeáveis a agendas direitistas, como o punitivismo e o armamentismo. As mulheres, com menos testosterona, seriam mais empáticas com o outro, mais dispostas a laços comunitários, pacifistas. Ou seja, abertas à agenda progressista. Segundo ­Lavareda, o cérebro masculino seria mais simples, daí os homens chegarem a conclusões mais apressadas e tenderem a separar razão e emoção. O das mulheres seria mais complexo, com razão e emoção a percorrerem os caminhos neurológicos ao mesmo tempo, daí elas demorarem mais a decidir seus votos. “Seus sentimentos de atração e de aversão são mais fortes exatamente porque sua ­empatia e antipatia são mais desenvolvidas.”

A rejeição feminina a Bolsonaro era de 61% no Datafolha de junho, o dobro do índice de Lula. Entre os homens, mais equilíbrio: 49% ao atual presidente, 41% ao ex. Na campanha do capitão e no mercado financeiro, há pesquisas para entender a rejeição feminina a Bolsonaro e como contorná-la. Um analista político que viu uma dessas pesquisas diz que a economia é o que mais pesa. Para elas, o governo dá com uma mão (Auxílio Brasil de 400 reais, elevado a 600), mas tira com a outra na forma de inflação. Aliados do capitão queriam uma vice mulher, a ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina, mas o presidente preferiu um general. A aposta agora se concentra na primeira-dama. Michelle Bolsonaro, evangélica, falou na convenção do PL que acaba de oficializar a candidatura do presidente. Um discurso de tom religioso: “Ele é o escolhido de Deus, tem um coração puro”. Ela participará da propaganda do marido na tevê? É a dúvida no “Centrão”. Um dia após a convenção, Bolsonaro participou de um almoço com mulheres empresárias em São Paulo sem a presença da esposa.

O movimento #elenão atrapalhou ou impulsionou Bolsonaro em 2018? – Imagem: Mateus Bonomi/Agif/AFP

“A rejeição dele entre as mulheres bloqueia o diálogo. A Michelle em evidência pode ajudá-lo, é uma tentativa de estabelecer um diálogo. Pode dar certo e o Bolsonaro crescer em intenção de voto entre as mulheres evangélicas, que são mais conservadoras”, diz Veiga. Para a analista, a defesa do conservadorismo e da família tradicional explica por que o presidente tem votos entre as mulheres, apesar do currículo. Recordem-se alguns momentos lamentáveis de Bolsonaro: disse que a filha foi uma “fraquejada”, que não pagaria o mesmo salário a mulheres, pois elas engravidam, votou contra direitos trabalhistas para domésticas, chamou de “quadrúpede” uma jornalista da CNN, disse que uma repórter da Folha “queria dar o furo”. Não à toa, no ano passado a Justiça Federal condenou o governo a pagar 5 milhões de danos morais por causa de declarações machistas suas e dos ministros Paulo Guedes e Damares Alves.

Não foi a primeira vez. Em 2019, Bolsonaro teve de pagar 20 mil reais à deputada federal Maria do Rosário, do PT gaúcho, por ter dito, em 2014, que não a estupraria por ela ser feia e não merecer. A parlamentar, hoje do núcleo de campanha de Lula, doou o dinheiro a entidades feministas. “Ele desvaloriza as mulheres, é agressivo e violento conosco, homem agressivo tem necessidade de destruir o outro. E no governo jogou milhares de mulheres na pobreza. A derrota dele na eleição será a vitória das mulheres deste país”, diz a parlamentar. Apesar do peso do voto feminino, uma nova manifestação na linha #elenão, como a ocorrida um mês antes da eleição em 2018, não deverá ocorrer, segundo a deputada. Até hoje não há consenso entre estudiosos se aquele ato jogou contra ou a favor de Bolsonaro.

A eleição passada foi a primeira no Brasil a apresentar forte recorte de gênero, ressalta a cientista política Nara Pavão, da Universidade Federal de Pernambuco. Não foi, diz, um fenômeno brasileiro, havia sido assim na disputa norte-americana de 2016, entre Hillary Clinton e Donald Trump. Há, prossegue a professora, pressão crescente por uma participação cada vez maior das mulheres na política, e eles e elas não se posicionam de forma igual, possuem vivências e visões próprias. Homem prefere falar de economia e corrupção, mulher atenta mais para questões sociais. O que torna particular o caso de Bolsonaro é sua agressividade histórica. “Ele sempre foi muito hostil à questão de gênero, rejeita pautas progressistas. É natural que haja uma reação das mulheres.” A cientista política acredita, no entanto, em outro fator decisivo nas eleições. Não a questão de gênero, mas as condições de vida. •

PUBLICADO NA EDIÇÃO Nº 1219 DE CARTACAPITAL, EM 3 DE AGOSTO DE 2022.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título “Elas sim, ele não”

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