Política

Edital do BB para filmes questiona cunho político e cenas de nudez

É a primeira vez que os questionamentos aparecem em um edital público para patrocínio de filmes ou documentários

Cena de Bruna Surfistinha, exemplo de filme que Bolsonaro quer vetar
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O Banco do Brasil divulgou nesta segunda-feira 12 um edital para seleção de obras audiovisuais que receberão investimentos do BB DTVM via Lei do Audiovisual. O documento, que está disponível no site do banco, traz, entre outras condições, questionamentos que causam, no mínimo, espanto.

Em informações adicionais, o banco questiona se a obra tem cunho político ou religioso, se faz referência a crime ou drogas e se haverá cenas de nudez. Essa é a primeira vez que esses questionamentos são feitos em um edital público para patrocínio de filmes ou documentários.

Recentemente, o presidente Jair Bolsonaro passou a atacar investimento público em filmes nacionais. O presidente decidiu mudar o escritório da Agência Nacional de Cinema do Rio de Janeiro para Brasília e afirmou que busca a extinção do órgão. Ao criticar o apoio do governo ao cinema, Bolsonaro citou o filme Bruna Surfistinha e disse que esse tipo de obra não teria mais patrocínio.

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Bolsonaro defende censura a filmes que não estiverem de acordo com valores cristãos. É um ataque grave à Cultura e ao Estado Laico.

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O Sindicato dos Bancários de São Paulo classificou os questionamentos como uma forma de censura por parte do governo de Jair Bolsonaro. “Vários filmes brasileiros com cenas de nudez são premiados internacionalmente. O BB deveria zelar pela pluralidade de ideias e de temas. Vetar que empresas públicas financiem obras cinematográficas devido ao seu conteúdo é uma clara tentativa de censura, a qual o presidente do banco público, Rubem Novaes, corrobora”, diz o secretário de Assuntos Jurídicos do Sindicato dos Bancários de São Paulo, João Fukunaga.

“Além de atentar contra o estado laico, a postura do governo e da direção do banco é extremamente equivocada, uma vez que não é doação para a produção, mas sim um investimento que traz retornos não só financeiros, mas como forma de fomento a uma indústria e de preservação do patrimônio cultural do nosso país”, completou Fukunaga.

A reportagem de CartaCapital entrou em contato com a assessoria de imprensa do banco para entender o motivo das questões e se isso será levado em conta na hora da análise. Até o fechamento dessa matéria, não obtivemos resposta.

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