Política

É sério que a passagem de ônibus aumentou de novo, prefeito Paes?

A medida do prefeito, somada a outras que foram anunciadas recentemente pelo governo federal, encarece mais uma vez o custo de vida dos trabalhadores

Prefeito Eduardo Paes
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A história se repete, mais uma vez: o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, quer levar a passagem de ônibus a R$ 3,40, quer dizer, 40 centavos a mais — uma quantia ainda maior que a que provocou os históricos protestos de 2013. Enquanto o reajuste do salário mínimo (que já era bem mínimo) será de apenas 8,83% em 2015 (de R$ 724 a R$ 788), o lucro dos empresários de ônibus terá um aumento bem maior: a passagem municipal da capital fluminense, que já era cara, terá um aumento de 13,3%. A medida do prefeito, somada a outras que foram anunciadas recentemente pelo governo federal, encarece mais uma vez o custo de vida dos trabalhadores, em benefício de empresas que costumam financiar as campanhas eleitorais dos candidatos de quase todos os partidos — menos o PSOL, que não aceita doação de empresas.

Como diz meu companheiro Tarcísio Motta, “a mobilidade urbana é um direito de todo cidadão, mas no mundo em que vivemos se transformou em mercadoria cara e lucrativa para um pequeno grupo de empresários que controla as concessões públicas. (…) A opção pelo rodoviarismo no transporte público da cidade do Rio de Janeiro aliada à falta de transparência e controle sobre as planilhas das empresas gerou uma situação onde os donos das empresas de ônibus ganham tudo e quem paga a conta é o trabalhador carioca. Vejam vocês: isenção de ICMS, redução do ISS de 2% para 0,01%, redução do IPVA pela metade e agora, 13,3% de aumento na tarifa! Isso é um assalto! O Ministério Público e a Defensoria Pública já se manifestaram, afirmando que vão questionar o aumento na justiça, mas nós sabemos que é a mobilização popular que pode barrar mais esse absurdo”.

A cidade do Rio precisa mudar sua forma de se governar para mudar sua forma de vida! Se não, tudo continuará sempre igual. Quem financia as campanhas leva o lucro e o trabalhador acaba pagando a conta. Precisamos aprender da experiência de outras grandes metrópoles, que combinaram a opção pelo transporte sobre trilhos (trens, metrô e tranvias), o desestimulo ao uso de carros (que também impacta sobre o meio ambiente), fortes investimentos do Estado num sistema de transporte público de qualidade, a fiscalização das concessões existentes ou a opção pelo gerenciamento público, a construção de ciclovias e outras formas alternativas de mobilidade urbana e a redução das tarifas (que deveria ir no caminho da tarifa zero) por entender que a mobilidade é um direito do cidadão. 

Para fazer isso tudo, precisamos mudar, também, a forma de fazer política — e de financiá-la. Se não, a cada ano, depois dos fogos de artifício e as festas, voltaremos a receber a notícia de que a passagem aumentou: pagar mais caro por um serviço cada dia pior.

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