Política
Doria destina 26 milhões para internação de dependentes em comunidades religiosas
As ‘comunidades terapêuticas’ são criticadas por não atuarem na redução de danos e terem fortes vínculos cristãos
O governador João Doria anunciou, nesta quinta-feira 18, que irá investir mais de 26 milhões de reais no Programa Recomeço, voltado ao método de internação de dependentes químicos em “comunidades terapêuticas” e “repúblicas”.
A Federação Brasileira de Comunidades Terapêuticas (FEBRACT) será a beneficiada do montante. De acordo com informações fornecidas pelo governo do estado, a rede conta com 1395 vagas na rede.
Em coletiva, o governador citou os pilares da “compaixão” e do “olhar de compreensão para as pessoas psicodependentes” a fim de receberem um tratamento de saúde e oportunidades no mercado de trabalho. No entanto, não ofereceu dados relativos à empregabilidade de internos do passado.
O programa, criado pelo ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), utiliza de metodologias como a abstinência em um local de isolamento social, o que é motivo de críticas por parte de especialistas, incluindo o Conselho Federal de Psicologia, que apontam práticas de redução de danos como a política mais eficiente e com menor margem de intenções lucrativas com o tratamento de dependentes.
Com isso, a política de Doria assemelha-se à utilizada pelo presidente Jair Bolsonaro com a Nova Política Nacional de Saúde Mental, que privilegia leitos em hospitais psiquiátricos em detrimento dos serviços abertos e de base comunitária do CAPS (Centro de Atenção Psicossocial).
Além disso, o vínculo entre comunidades terapêuticas e entidades religiosas não é incomum: segundo levantamento feito pela Agência Pública, 70% das instituições que receberam verba do governo federal em 2019 eram ligadas ao cristianismo. Entre as filiadas à FEBRACT, também figuram diversos centros com nomes referentes a santos, padres e demais símbolos religiosos.
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