Política

Doleiro aciona o Conselho Nacional do MP contra procuradores da Lava Jato do Rio

Cláudio Souza, conhecido como Tony, afirma ter sido forçado a delatar ‘pessoas de interesse’ da força-tarefa

Foto: Divulgação/CNMP
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O doleiro Cláudio Souza, preso em 2017 em um desdobramento da Lava Jato no Rio de Janeiro, entrou com um pedido de providências no Conselho Nacional do Ministério Público contra 12 procuradores responsáveis pela operação no estado. 

Tony, como é conhecido, afirma ter sido forçado a delatar o doleiro Dario Messer, enquanto estava detido de forma preventiva no Uruguai.

O principal alvo do pedido de providências é o procurador Eduardo Ribeiro Gomes El Hage, ex-coordenador da operação no Rio. 

Entre os outros citados no pedido de providências estão os procuradores Rodrigo Timóteo, Sergio Luiz Pinel, Rafael Barretto, Lauro Coelho, Jesse Ambrosio, Leonardo Cardoso, José Augusto Simões Vagos, Fabiana Keylla Schneider, Stanley Valeriano da Silva, Marisa Varotto e Felipe Almeida.

Segundo Tony, ao receber a visita do advogado Márcio Delambert, ainda na prisão, foi informado de que só resolveria a “situação” se delatasse. 

“O aludido advogado, ao se apresentar, demonstrou já saber nuances do caso, tendo inclusive afirmado ao requerente que já estava em contato com os membros da então temida Força Tarefa da Operação Lava Jato, e que não haveria saída plausível ao requerente: seu único caminho possível seria realizar um acordo de colaboração premiada”, diz o pedido.

Ao ler a denúncia da qual foi alvo, o doleiro teria concluído não haver indícios suficientes contra ele, mas diz que o advogado teria se negado a apresentar com um habeas corpus. 

“Indagou ao advogado se não seria melhor adotar uma estratégia de insurgência contra seu decreto prisional, tentando a interposição de uma ordem de Habeas Corpus, por exemplo, o que a todo momento lhe era respondido negativamente, também pelo advogado, afirmando-lhe peremptoriamente que a colaboração premiada seria o único caminho possível”, cita o documento. 

Ainda no pedido, Tony afirma que, mesmo sem entender ao certo os motivos que o levaram à prisão, aceitou realizar a delação premiada. A partir daí, ele teria começado a receber visitas de procuradores da operação, entre eles El Hage, ainda no Uruguai.

“O requerente foi vítima de um método medieval que foi utilizado amiúde pela então força-tarefa da operação ‘lava jato’, que foi o uso da prisão preventiva como método de tortura, e objetivo de enfraquecer a resistência de quem encontrava-se encarcerado”, prossegue o documento.

Tony foi preso por suposta lavagem de dinheiro em um esquema de corrupção envolvendo o ex-governador do Rio Sérgio Cabral. 

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