Política
Disputa pela liderança do União Brasil na Câmara acentua crise no partido
Mesmo com Pedro Lucas na Esplanada, líderes querem reforçar oposição ao governo Lula


A indicação do deputado Pedro Lucas (MA) para o Ministério das Comunicações aprofundou a crise interna no União Brasil. A sigla vive um racha desde 2024: de um lado, os ministros já instalados na Esplanada; de outro, uma bancada na Câmara alinhada à oposição, sob influência do governador de Goiás, Ronaldo Caiado.
A nomeação foi articulada pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (AP), mas desagradou outras lideranças, como o ex-prefeito de Salvador ACM Neto e o próprio Caiado, ambos contrários à permanência do partido no governo.
Com Pedro Lucas prestes a deixar a liderança da bancada, ao menos quatro nomes surgem como possíveis sucessores na Câmara: Damião Feliciano (PB), Moses Rodrigues (CE), Fábio Schiochet (SC) e Mendonça Filho (PE). Este último é o preferido de Caiado, que aposta em uma liderança mais combativa como base para sua candidatura à presidência em 2026.
Feliciano e Moses são considerados mais alinhados ao Planalto e são vistos como alternativas moderadas — perfil semelhante ao do agora ex-ministro das Comunicações, Juscelino Filho, que reassumirá seu mandato na Câmara. A possível indicação de Juscelino à liderança tem o apoio nos bastidores do ministro do Turismo, Celso Sabino.
Pedro Lucas, por sua vez, ainda não confirmou se aceitará o convite para ser ministro. Pediu ao presidente Lula (PT) um prazo até depois da Páscoa para decidir — uma manobra interpretada como estratégia para ganhar tempo e reorganizar a base.
Caso avance a arrastada federação entre União Brasil e Progressistas, o cenário muda totalmente. O líder do PP, Ciro Nogueira (PI), já indicou que não pretende apoiar Lula em 2026 — tampouco endossa uma candidatura de Ronaldo Caiado. O Progressistas aguarda uma sinalização de Jair Bolsonaro (PL) para decidir qual nome contará com seu apoio para representar a direita nas próximas eleições.
O União Brasil segue abalado por uma disputa de poder que culminou, no início de 2024, na destituição de Luciano Bivar da presidência do partido. Em convenção respaldada por nomes como ACM Neto e Alcolumbre, o vice Antônio Rueda assumiu o comando da legenda. Bivar contestou o resultado, mas foi derrotado no TSE. O conflito evoluiu para acusações de ameaças e incêndios suspeitos, levando Rueda a acionar o STF contra o ex-aliado.
Agora, o União Brasil tenta reagrupar sua força política em meio a interesses regionais, cargos no governo e projetos eleitorais. Com o calendário de 2026 se aproximando, a legenda corre contra o tempo para tentar se reestruturar e ganhar relevância em ano eleitoral.
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