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‘Discussão honesta e construtiva’, diz Zelensky após reunião com Lula nos EUA

O encontro ocorreu em Nova York, à margem da Assembleia Geral da ONU

Encontro entre Lula e Volodymyr Zelensky, nos EUA. Foto: Ricardo Stuckert/PR
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O presidente Lula e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, encerraram no fim da tarde desta quarta-feira 20 sua primeira reunião bilateral. O encontro ocorreu em Nova York, às margens da Assembleia Geral da ONU.

Após a agenda, Zelensky publicou uma mensagem nas redes sociais, classificando o encontro como “importante”.

“Após a nossa discussão honesta e construtiva, instruímos as nossas equipes diplomáticas a trabalhar nos próximos passos de nossas relações bilaterais e nos esforços de paz”, disse o ucraniano. “O representante brasileiro continuará participando das reuniões da Fórmula da Paz.”

Lula também se manifestou nas redes sobre o encontro. “Hoje me reuni em Nova York com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky. Tivemos uma boa conversa sobre a importância dos caminhos para construção da paz e de mantermos sempre o diálogo aberto entre nossos países”, afirmou.

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmitro Kuleba, disse que o encontro entre os líderes representa uma “quebra de gelo”. “Não que existisse gelo entre nossos países, mas a conversa foi muito calorosa e eu acho que os dois presidentes entendem muito melhor as posições um do outro do que entendiam antes”, avaliou.

Já o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, declarou que Lula e Zelensky tiveram uma “longa discussão em um ambiente tranquilo e amigável”. “Não acho que houvesse declarações desencontradas”, acrescentou.

Os desencontros entre Lula e Zelensky

Em maio, os dois presidentes se encontrariam durante a reunião do G7 em Hiroshima, no Japão, mas, segundo o governo brasileiro, o ucraniano não teria viabilizado um espaço em sua agenda. Kiev, por sua vez, atribuiu a culpa à gestão do petista.

Nos últimos meses, Zelensky demonstrou contrariedade sobre declarações de Lula a respeito da guerra deflagrada pela Rússia. Desde o ano passado, antes mesmo de tomar posse, o petista defende a articulação de um grupo de países não alinhados para abrir uma mesa de diálogo entre Kiev e Moscou e intermediar as conversas pela paz.

Em maio, após sua passagem pela cúpula do G7, Lula declarou que Zelensky e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, não demonstram interesse em conversar sobre a pacificação no leste europeu. Avaliou também que a postura de Biden não contribui com a resolução do conflito.

Dias depois, em 1º de junho, o líder ucraniano afirmou que Lula “quer ser original” em seu plano de paz. Também alegou que o petista teria sido o responsável por não acontecer o encontro no G7. “Ele não achou tempo para se reunir comigo”, afirmou.

Em agosto, Zelensky fez mais críticas públicas a Lula. Em uma entrevista à agência de notícias EFE, ele contestou “a compreensão de mundo” do brasileiro.

“As declarações de Lula não trazem paz de forma nenhuma. É estranho falar sobre a segurança da Rússia. Apenas a Rússia, Putin e Lula falam sobre a segurança da Rússia, sobre as garantias que devem ser dadas para a segurança da Rússia”, criticou o ucraniano. “Eu simplesmente acredito que ele tem sua própria opinião. Mas os pensamentos não precisariam coincidir com os de Putin.”

Em julho, em um tom mais ameno, Volodymyr Zelensky disse aguardar um convite de Lula para visitar o Brasil. Ele declarou também que gostaria de contar com a presença de outros líderes latino-americanos no encontro.

“A América Latina é muito importante para mim, especialmente o Brasil. Os outros países também. Eu queria, sim. Se eu receber o convite, eu vou”, afirmou o presidente ucraniano à GloboNews. “Se ele [Lula] conseguir reunir outros líderes da América Latina, podemos nos reunir no Brasil. Ou em outro lugar. Isso também vai ajudar muito o mundo todo, para que a paz chegue.”

Na semana passada, por fim, gerou polêmica a afirmação de Lula de que Putin não seria preso se decidisse visitar o Brasil, apesar de o Tribunal Penal Internacional ter emitido um mandado de prisão contra o chefe do Kremlin. O Brasil é signatário do acordo que deu origem à Corte.

Horas depois, porém, o petista declarou que a decisão caberia ao Poder Judiciário. “Não sei se a Justiça brasileira vai prender, isso quem decide é a Justiça. Não é o governo.”

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