Justiça
Dino vê relação difícil com o Congresso no ‘tormentoso’ caso das emendas
Um novo despacho sobre a transparência dos repasses elevou a tensão entre os Poderes
O ministro do Supremo Tribunal Federal Flávio Dino afirmou, nesta quarta-feira 11, considerar difícil a relação com o Congresso Nacional. Na véspera, um despacho do magistrado sobre a transparência das emendas parlamentares representou uma nova dose de tensão.
“Dei um despacho no tormentoso processo das emendas, pedindo que as partes falassem em dez dias, e isso virou uma crise institucional”, declarou. “Nunca vi isso.”
Dino fez o comentário no julgamento em que a Corte discute a responsabilização das redes sociais por conteúdos publicados por seus usuários.
O ministro fixou um prazo de dez dias para Câmara, Senado, partidos e entidades explicarem a suposta existência de “emendas de comissão paralelas” e de um “novo Orçamento Secreto no Ministério da Saúde”.
Dino, relator de ações sobre as emendas, assinou o despacho após a Associação Contas Abertas, a Transparência Brasil e a Transparência Internacional Brasil afirmarem que haveria uma “manobra” para dificultar o rastreamento de parte dos repasses.
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), reclamou nesta quarta-feira do ritmo de pagamento das emendas e cobrou agilidade do governo Lula (PT) na liberação.
“Estamos praticamente no meio do ano e nenhuma emenda nossa chegou a ser empenhada ou paga”, criticou. “Então, tenho cobrado nesse sentido, mas sem fazer condicionantes, até porque até aqui o Congresso foi extremamente colaborativo e correto com aquilo que chegou do governo em nossas Casas.”
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também
Dino traça ‘meio-termo’ no STF ao votar pela responsabilização das redes sociais
Por Vinícius Nunes
Dino suspende multa milionária a professores por greve no DF
Por CartaCapital
‘Tem de responsabilizar’: a provocação de Dino após leitor de Mendonça travar em sessão sobre redes
Por CartaCapital



