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Dino: Há ‘provas inequívocas’ de que Abin monitorou ilegalmente adversários de Bolsonaro

A atividade desenvolvida neste possível esquema, acrescentou o ministro, merece ser investigada porque não condiz com a real atribuição da Abin

Brasília (DF) 09/05/2023 Ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, participa de audiência na Comissão de Segurança Pública do Senado. F.oto Lula Marques/ Agência Brasil.
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O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), disse existirem  “provas inequívocas” de que houve monitoramento ilegal de adversários políticos do governo Jair Bolsonaro (PL) através da estrutura da Agência Brasileira de Inteligência, a Abin.

“Há provas inequívocas de que houve a utilização de uma ferramenta que implicava na invasão da privacidade de pessoas sem autorização judicial”, afirmou Dino em entrevista à GloboNews nesta terça-feira 30. “Isso é um fato incontroverso, ninguém inclusive rebate isso, não vi ninguém negando o fato”.

Dino pontuou ainda que, com a materialidade dos indícios, o inquérito agora tenta identificar quem teria sido o mandante do esquema de arapongagem. Ele ainda ressaltou que a investigação não tem qualquer caráter político, já que a primeira denúncia de suposta espionagem foi apresentada em 2021.

A atividade desenvolvida neste possível esquema, acrescentou o ministro, merece ser investigada porque não condiz com a real atribuição da Abin.

“No momento em que uma agência de inteligência usa um equipamento que ela comprou para investigar pessoas sem ordem judicial, até porque não poderia existir tal ordem judicial, de fato há uma ilegalidade que demanda investigação que está sendo feita”, completou Dino.

Até aqui, a apuração da Polícia Federal identificou que um software israelense adquirido sob o governo Michel Temer (MDB) para monitorar aparelhos de celular e tablets seguiu em uso durante parte da gestão Bolsonaro.

O monitoramento ilegal de adversários políticos do ex-capitão, assim como advogados, jornalistas e até juízes, teria acontecido entre dezembro de 2018 e 2021. Entre os alvos estavam ministros do Supremo Tribunal Federal e até a promotora Simone Sibílio, responsável pelas investigações do caso Marielle.

A investigação resultou nas duas fases da Operação Vigilância Aproximada na semana passada contra o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), que dirigiu a agência entre 2019 e 2022, e nesta contra o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), apontado como integrante do núcleo político da ‘Abin paralela’.

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