Política

Dino: ataques à China ‘criam cadeia de má vontade contra o Brasil’

Em audiência no Senado, o governador do Maranhão também criticou as aglomerações promovidas por Bolsonaro: ‘Irresponsáveis’

Flávio Dino e Jair Bolsonaro. Fotos: Divulgação - Marcos Corrêa/PR
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O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), defendeu nesta segunda-feira 10 uma união nacional em torno de uma “atitude vigilante” no enfrentamento às aglomerações, criticou a “irresponsabilidade” de Jair Bolsonaro, que reiteradamente desrespeita as recomendações sanitárias, e lamentou os ataques do presidente à China, os quais podem ter um grave impacto sobre a vacinação no Brasil.

Dino participou de uma audiência na Comissão Temporária da Covid-19 no Senado. O encontro serviu para debater as dificuldades enfrentadas pelos estados no atual estágio da crise.

“O presidente acha razoável fazer desfile de motos para promover uma aglomeração. E isso tem um efeito que se multiplica na sociedade, uma vez que o presidente é o líder maior do País e, por isso mesmo, detentor do dever de maior responsabilidade”, criticou Dino.

O governador maranhense fez alusão ao passeio de moto promovido por Bolsonaro no domingo 9. O chefe do Executivo foi acompanhado por milhares de motociclistas e protagonizou mais uma aglomeração ao retornar ao Palácio da Alvorada. Sem máscara, cumprimentou apoiadores, inclusive crianças e idosos.

“No momento em que ele sinaliza no sentido da promoção de aglomerações desnecessárias e irresponsáveis, é claro que isso tem um efeito social negativo. Mormente quando nós sabemos que a diminuição objetiva dos indicadores, ainda que em patamares muito altos, pode levar à impressão incorreta de que a pandemia foi embora”, acrescentou Dino. “Isto é letal, inclusive literalmente”.

Para o governador do Maranhão, a fim de evitar “regimes restritivos exacerbados”, como o lockdown, é preciso que o País amplie o respeito às regras de distanciamento social. Isso, segundo Dino, será possível a partir de “uma atitude vigilante, para que tenhamos um meio termo, ou seja, não o regime restritivo máximo, mas também não o ‘liberou geral’, que pode nos condenar eternamente a ver o desenvolvimento de variantes e taxas de mortalidade que são as maiores do mundo”.

Ao comentar o lento ritmo da vacinação no Brasil, ele avaliou que “decisões equivocadas no segundo semestre de 2020 cobram o preço agora”. Também destacou a necessidade de ampliar as alternativas de vacinas disponíveis.

Segundo o consórcio de veículos de imprensa que monitora os dados relacionados à pandemia, o contingente de brasileiros que receberam a primeira dose de uma vacina contra a Covid-19 equivale a apenas 16,68% da população. Já a segunda dose chegou a apenas 8,38%, conforme os números atualizados na noite do domingo 9.

“Precisamos debater a manutenção de normalidade diplomática com países vitais para o provimento de insumos. Chega a ser desvairada a ideia de que o Brasil pode criar contendas diplomáticas desnecessárias com grandes fornecedores de insumos, notadamente a China. Isso deve ser objeto de plena rejeição, porque é um gesto incompatível com a Constituição e ao mesmo tempo gerador de impasses”, lamentou Dino. “Cria uma cadeia de má vontade contra o Brasil, e isso pode impactar o ritmo de vacinação no nosso País”.

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