O ministro da Justiça, Flávio Dino, acionou a Polícia Federal após a revelação de supostos indícios de irregularidades praticadas durante o período em que o ex-procurador Deltan Dallagnol chefiou a Lava Jato em Curitiba.
A suspeita é de que Deltan tenha negociado com autoridades dos Estados Unidos, em sigilo, um acordo para dividir o montante que seria cobrado da Petrobras em multas e penalidades no âmbito da operação.
As tratativas apareceram em conversas entre procuradores brasileiros e suíços via Telegram, conforme matéria publicada na semana passada pelos jornalistas Jamil Chade, do UOL, e Leandro Demori, da newsletter A Grande Guerra.
“Encaminhei hoje à Polícia Federal o caso dos acordos feitos por procuradores com outros países, sem o procedimento legal. O objetivo é a investigação sobre a origem e o destino de bilhões de reais e os motivos que levaram a tais acordos com autoridades estrangeiras”, escreveu Dino nas redes sociais.
Como informou CartaCapital, a Advocacia-Geral da União pode apresentar uma ação de improbidade administrativa contra Deltan. O chefe da AGU, Jorge Messias, aguarda informações da Petrobras, do Ministério Público Federal e do Ministério da Justiça para tomar uma decisão.
Na sexta-feira 21, o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União pediu à Corte a abertura de uma apuração. A peça é assinada pelo subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado, que menciona também “o histórico da má atuação dos componentes da Operação Lava Jato”.
“Não é de hoje que me causam surpresa as indevidas ingerências que procuradores da Lava Jato realizaram na operação”, afirma.
Após a publicação da matéria, Deltan defendeu nas redes sociais a negociação do acordo e, ao mesmo tempo, afirmou não reconhecer “as supostas mensagens obtidas mediante crimes, sem autenticidade atestada e usadas sem critérios éticos por diversos jornalistas”.
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