Política

Dilma diz que prefeito de Porto Alegre é ‘negacionista como Bolsonaro’

‘Nunca neguei a doença’, afirmou Sebastião Melo. ‘Mas tenho minha posição, acho que reabrir a cidade com equilíbrio é o que devemos fazer’

Dilma Rousseff e Sebastião Melo. Fotos: Ricardo Stuckert e Marcelo Bertaini/Agência ALRS
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“Agora, Porto Alegre, uma cidade próspera no sul do Brasil, está no centro de um colapso impressionante do sistema de saúde do País – uma crise prevista”. Assim o jornal The New York Times se referiu à capital gaúcha em reportagem publicada no último sábado 27, em que abordava, de forma mais ampla, o drama de um Brasil atolado no pior momento da pandemia. A crítica foi reforçada neste domingo 28 pela ex-presidenta Dilma Rousseff.

A publicação norte-americana também destacou, em tom de crítica, uma declaração feita pelo prefeito Sebastião Melo (MDB) em fevereiro. “Queremos fazer um apelo à população. Não ocupem os espaços públicos. Nós não vamos, em um primeiro momento, fechar a Orla, mas se a população não atender o pedido do governo, nós vamos fechar. Não gostamos de fazer nada por decreto. Contribua com sua família, sua cidade, sua vida, para que a gente salve a economia do município de Porto Alegre“, afirmou em entrevista coletiva.

Melo tentou, nos últimos dias, evitar a adoção de medidas mais duras de distanciamento social por parte do governador gaúcho, Eduardo Leite (PSDB). Na sexta-feira 26, o prefeito publicou um decreto que permitiria a abertura de restaurantes, bares e estabelecimentos comerciais no fim de semana.

O prefeito, no entanto, sofreu derrotas na Justiça, a mais recente delas neste domingo, após decisão do desembargador plantonista Marcelo Bandeira, que manteve a suspensão do decreto determinada no sábado pela juíza Lourdes Helena Pacheco da Silva. “Sempre fui comprometido com a defesa da saúde, nunca neguei a doença, defendo distanciamento social, tenho combatido festas clandestinas. Mas tenho minha posição, acho que reabrir a cidade com equilíbrio é o que devemos fazer”, comentou Melo neste domingo, citado pela Rádio Gaúcha.

Em artigo publicado em seu site, Dilma Rousseff criticou duramente o prefeito de Porto Alegre.

“Médicos e enfermeiros, em situação de completa exaustão, já vinham pedindo a decretação de um lockdown na capital e em todo o estado desde fevereiro, quando perceberam que muitos doentes morriam nas filas, antes de conseguir um leito. Não foram atendidos porque, em Porto Alegre, onde a situação fugiu do controle, o prefeito é um negacionista como Bolsonaro, e trata vidas com descaso”, escreveu Dilma.

“No auge da crise humanitária, em vez de controlar mais a circulação, o prefeito flexibiliza as regras e, criminosamente, estimula a população a se submeter a maior risco de contágio. Enquanto o prefeito descumpre o seu dever e autoriza aglomerações, o governador foge de sua responsabilidade e se omite”, acrescentou.

No sábado, Porto Alegre atingiu 3.406 mortes por Covid-19 e 113.919 casos confirmados. Na tarde deste domingo, 175 pacientes aguardavam por leitos de UTI em um sistema já colapsado.

O estado entra em sua quinta semana consecutiva na chamada bandeira preta, que indica risco altíssimo de contaminação pelo novo coronavírus. Segundo decreto estadual, as atividades consideradas não essenciais continuam suspensas entre 20h e 5h até 4 de abril, inclusive aos fins de semana e feriados.

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