Justiça

‘Desinformação generalizada e desvio de finalidade’, diz ministro sobre reunião de Bolsonaro com embaixadores

André Ramos Tavares apontou ‘mentiras grosseiras’ no discurso do ex-presidente a diplomatas estrangeiros

André Ramos Tavares, TSE - Reprodução TSE
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O ministro André Ramos Tavares, do Tribunal Superior Eleitoral, considerou ter havido “desinformação generalizada e desvio de finalidade” na reunião do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com embaixadores, no Palácio da Alvorada, em Brasília, em julho do ano passado.

O encontro é objeto do processo no TSE que pode levar Bolsonaro à inelegibilidade por oito anos. Para Tavares, o ex-presidente cometeu abuso de poder político ao proferir informações falsas sobre o sistema eleitoral no evento com os diplomatas estrangeiros.

O ministro também entende que houve “alto grau” de gravidade nos “ataques inúmeros” praticados por Bolsonaro ao sistema eleitoral e reforçou que a atitude consistia em uma estratégia eleitoral, a relembrar “boatos” não comprovados sobre fraude na disputa presidencial de 2014.

“É possível constatar ataques infundados que se escoraram em boatos concernentes à eleição de 2014”, observou Tavares. “Com a roupagem de debate público, o investigado, na verdade, proferiu sérias acusações, sem estar amparado minimamente por um acervo comprobatório que sustentasse tais conjeturas, incorporando ao seu discurso invenções, mentiras grosseiras, fatos forjados, distorções severas.”

O magistrado avaliou, ainda, que houve a formação de um “pool de perturbações severas à democracia e às instituições, com intuito eleitoral” e não um mero diálogo, como Bolsonaro sustenta em sua defesa.

“O que se constata, pois, é a reverberação de fatos inverossímeis, descontextualizados e despidos de mínima seriedade, inclusive, já amplamente refutados publicamente”, declarou. “Não houve, como quer fazer crer o investigado, um mérito diálogo institucional.”

As considerações de Tavares se alinham às do relator, Benedito Gonçalves, e às de Floriano de Azevedo Marques, que se manifestaram antes, em favor da inelegibilidade de Bolsonaro. Já o ministro Raul Araújo abriu divergência e se posicionou de forma contrária à punição contra o ex-presidente.

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