Diversidade

Deputados pedem investigação sobre ‘cura gay’ em igreja evangélica após morte de Karol Eller

Influencer bolsonarista frequentou retiro mantido pela igreja e “renunciou à homossexualidade” um mês antes de tirar a própria vida; solicitação de inquérito foi protocolada no MPF

Karol Eller em protesto bolsonarista. Foto: reprodução/Twitter
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Os deputados federais Erika Hilton (PSOL-SP), Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ) e Luciene Cavalcante (PSOL-SP) protocolaram na segunda-feira 16 um pedido de investigação contra a Igreja Assembleia de Deus de Rio Verde, em Goiás, por supostamente promover práticas de “cura gay”.

A prática de conversão sexual ministrada pelo retiro Maanaim, sob direção da Assembleia de Deus, é apontada como uma das causas que levaram a morte da influenciadora Karol Eller, na última sexta-feira 13.

Aos 36 anos, Karol era uma mulher lésbica próxima do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e trabalhava no gabinete do deputado estadual Paulo Mansur (PL). Em diversos momentos, ela participou de eventos com o ex-capitão e defendeu pautas morais contrárias à própria sexualidade.

Pouco tempo após voltar do retiro Maanaim, que oferece práticas de conversão para homossexuais e bissexuais, chamada de ‘cura gay’ no meio conservador, Karol compartilhou nas redes sociais sua “renúncia à prática homossexual”.

“Família, tripliquem as orações, pois Deus me usou como nunca, e daqui para frente estou pronta para guerrear debaixo da autoridade do nome de Jesus. Que diminua eu, para que tu cresças, Senhor, mais e mais’. RENÚNCIA!”, destacou Karol na publicação um mês antes de sua morte. “Sim, eu renunciei à prática homossexual, eu renunciei vícios e renunciei os desejos da minha carne para viver em Cristo”

Na ação, os deputados destacam que a prática tipificada como ‘cura gay’ é vedada pela resolução nº 1999 do Conselho Federal de Psicologia, uma vez que a bissexualidade e a homossexualidade não constituem doença e nem distúrbio.

“Os tratamentos de ‘cura gay’ são verdadeiras práticas de tortura e agressão à toda a população LGBTQIAPN+, cuja orientação sexual ou designação de gênero são características inerentes a cada sujeito”, pontua trecho do texto.

Em setembro, parlamentares do Partido Novo acionaram o STF contra a normativa que proíbe terapias de conversão. Apoiados pelo Instituto Brasileiro de Direito e Religião, eles tentam reverter a resolução que veda a associação de atividade profissional de psicólogos a crenças religiosas. A ação afirma que a normativa é inconstitucional ao proibir a livre expressão da fé.

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