Política
Deputado bolsonarista parte para cima de petista em sessão sobre cannabis
‘Deu um murro no meu peito’, disse deputado do PT; parlamentares analisavam projeto para liberar cultivo de cannabis para fins medicinais
A tensão subiu durante sessão na Câmara sobre a liberação da cannabis para fins medicinais, nesta terça-feira 18. O deputado bolsonarista Diego Garcia (Podemos-PR) partiu para cima do presidente da comissão especial que examina o projeto, Paulo Teixeira (PT-SP), favorável à autorização do uso medicinal da erva.
Os deputados se reuniram para votar o parecer do relator, deputado Luciano Ducci (PSB-PR), sobre o PL 399/2015, que permite o cultivo de cannabis sativa, planta também usada para produzir a maconha, para fins medicinais, veterinários, científicos e industriais. O presidente Jair Bolsonaro é contra o projeto.
Durante a sessão, Diego Garcia propôs um requerimento para adiar a decisão. Paulo Teixeira, então, submeteu o pedido a votação. O formato da votação, no entanto, desagradou o bolsonarista: quem desejasse aprovar o requerimento precisava se manifestar, enquanto os desfavoráveis permaneciam como estavam. Sem manifestações, o requerimento acabou sendo rejeitado.
Em reação, o deputado bolsonarista pediu o formato nominal de votação, em que o sistema da Câmara registra a posição de cada um. A reclamação, porém, não foi atendida. Garcia, então, levantou-se e avançou contra Teixeira, dando-lhe um tapa no peito.
Os parlamentares, então, amontoaram-se em volta da mesa da presidência da Comissão, e uma deputada chegou a pedir a ajuda de seguranças. Opositores ao projeto aproveitaram para protestar contra “a pressa de liberar a maconha no Brasil”. Teixeira, por sua vez, condenou a atitude violenta de Garcia.
“Esse deputado chegou aqui na frente e me deu um murro no meu peito”, exclamou o petista. “Me deu um tapa no meu peito. Eu vou pedir o filme, você me empurrou. Não faça isso, não dei direito a você.”
O tumulto durou pelo menos 10 minutos.
O petista, contudo, manteve a rejeição do requerimento e ordenou o prosseguimento das discussões. A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) reclamou de “tentativa de inviabilizar que a sessão aconteça”.
“Todo esse escândalo que foi feito era para tirar Vossa Excelência do sério”, afirmou.
Conforme contou em entrevista a CartaCapital, de 2020, Teixeira realizou uma série de audiências públicas e viagens para investigar sobre o tema, a países como Colômbia e Uruguai. Naquela época, o deputado via clima “favorável” para a aprovação da matéria, mas a chegada da pandemia acabou suspendendo o trabalho das comissões.
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