Política
Delgatti mostrou à PF áudio de assessora de Zambelli prometendo pagamento, diz defesa
Segundo advogado, o hacker reforçou declarações proferidas na CPMI e ‘apresentou ao delegado o caminho das provas’


O hacker Walter Delgatti reforçou à Polícia Federal, em depoimento nesta sexta-feira 18, acusações apresentadas à CPMI do 8 de Janeiro na quinta. Segundo o advogado Ariovaldo Moreira, seu cliente também apresentou “indícios de provas”.
Entre os personagens implicados por Delgatti na CPMI estão a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), o ex-presidente Jair Bolsonaro e o ex-ministro da Defesa Paulo Sergio Nogueira de Oliveira, além de outros militares.
De acordo com a defesa, Delgatti entregou à PF nesta sexta o áudio de uma conversa em que uma assessora de Zambelli “faz promessa de pagamento”, além da descrição da sala no Ministério da Defesa onde ele teria participado de uma reunião a respeito das urnas eletrônicas em 2022.
“Indícios de provas. A autoridade policial deve agora, nas investigações, encontrar as provas de que o Walter esteve na Defesa”, disse Moreira. “Ele reiterou o que foi dito ontem na CPMI. Exatamente o que ele disse ontem. Tudo o que os senhores ouviram ontem, o Walter hoje repetiu para a autoridade policial.”
Segundo o advogado, o hacker “apresentou ao delegado o caminho das provas”.
Delgatti já depôs à PF na última quarta 16. Na ocasião, ele afirmou ter recebido cerca de 40 mil reais de Zambelli para invadir sistemas do Poder Judiciário.
À CPMI, o hacker declarou que Bolsonaro prometeu lhe conceder um indulto caso assumisse a autoria de um suposto grampo telefônico com “conversas comprometedoras” do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Também reforçou ter “orientado” a produção do relatório do Ministério da Defesa sobe as urnas, entregue ao Tribunal Superior Eleitoral em novembro de 2022, após o segundo turno da eleição presidencial.
Em nota divulgada na quinta-feira após o depoimento de Delgatti à CPMI, a defesa de Jair Bolsonaro afirmou que adotará medidas judiciais contra o hacker por “informações e alegações falsas, totalmente desprovidas de qualquer tipo de prova, inclusive cometendo, em tese, o crime de calúnia”.
A defesa de Zambelli também rechaçou “qualquer acusação de prática de condutas ilícitas e ou imorais pela parlamentar, inclusive, negando as aleivosias e teratologias mencionadas pelo senhor Walter Delgatti”.
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