Política

“Delegado manipulou processo a pedido de Witzel”, acusa Bolsonaro

Presidente disse que só descobriu quem era Marielle no dia de sua morte

O ministro da Economia, Paulo Guedes, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, e o presidente Jair Bolsonaro (PSL), em cerimônia no município de Itaguaí. (Foto: Marcos Corrêa/PR)
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O presidente Jair Bolsonaro voltou a atacar o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, sobre o caso que investiga a morte de Marielle Franco. Em entrevista à Rádio Bandeirantes nesta quarta-feira 30, o pesselista afirmou que o delegado do caso manipulou as provas “a pedido do chefe (Witzel)”.

O presidente voltou a negar sua ligação com a morte de Marielle e disse que as novas provas fazem parte de uma tentativa de Witzel junto com a TV Globo para prejudicarem seu governo. “Eu só descobri que Marielle existia no dia de sua morte”, argumentou Bolsonaro.

Ao ficar ciente da veiculação da reportagem pela Globo, que cita um possível envolvimento no caso da morte de Marielle, o presidente fez uma live em seu canal do Facebook, diretamente da Arábia Saudita. “Acabei de ver aqui na ficha que o senhor [Witzel] teria vazado esse processo que está em segredo de Justiça para a Globo. O senhor só se elegeu governador porque o senhor ficou o tempo todo colado no Flávio Bolsonaro, meu filho”, disse o presidente.

Witzel, reagiu às acusações do presidente. Em um post publicado nesta quarta-feira 30, o governador diz que “lamenta profundamente a manifestação intempestiva do presidente Jair Bolsonaro. Ressalto que jamais houve qualquer tipo de interferência política nas investigações conduzidas pelo Ministério Público e a cargo da Polícia Civil”, afirmou. Em outro trecho, afirma: “Hoje, fui atacado injustamente”.

Entenda

Na noite da terça-feira, a Globo veiculou uma reportagem com base em um relato do porteiro do condomínio onde mora Bolsonaro. Ele contou à polícia que Élcio de Queiroz, um dos suspeitos da morte de Marielle e Anderson, entrou no condomínio e disse que iria para a casa do então deputado Jair Bolsonaro. O funcionário disse ainda que quando interfonou para casa do presidente, o “Seu Jair” liberou a entrada do suspeito.

O carro acabou não indo para casa de Bolsonaro e foi para a residência de Ronnie Lessa, o outro acusado de ter assassinado Marielle e Anderson. Lessa morava até então no mesmo condomínio do presidente.  O porteiro disse que acompanhou a movimentação do carro pelas câmeras e interfonou novamente para a casa de Bolsonaro. Segundo o funcionário o homem identificado por ele como “Seu Jair” teria dito que sabia para onde Élcio estava indo.

No dia 14 de março, entretanto, Jair Bolsonaro estava em Brasília na Câmara dos Deputados. Seu registro foi inscrito em sessões que aconteceram no período da manhã e da tarde naquele dia. Em suas redes sociais, o então deputado também postou vídeo com admiradores na parte de fora de seu gabinete.
Os investigadores estão recuperando os arquivos de áudio do interfone do condomínio para saber com quem, de fato, o porteiro conversou naquele dia e quem estava na casa de Jair Bolsonaro.

Caso pode ir ao STF

Como as investigações chegaram até o presidente da república, o caso agora pode ser assumido pelo Supremo Tribunal Federal, como determina a Constituição. Representantes do Ministério Público do Rio foram até Brasília em 17 de outubro para fazer uma consulta ao presidente do Supremo Tribunal Federal, o ministro Dias Toffoli.

Eles questionaram se podem continuar a investigação depois que apareceu o nome do presidente Jair Bolsonaro. Dias Toffoli ainda não respondeu.

O advogado do presidente Jair Bolsonaro, Frederick Wassef, contestou o depoimento do porteiro e afirmou que seria uma tentativa de atacar a imagem do presidente.

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